São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998

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SUCESSÃO
Presidente do PDT já articula com partidos para uma eventual candidatura sua à Presidência da República
Indefinição do PT faz Brizola buscar apoio

da Agência Folha, em Porto Alegre


Diante da indefinição do PT sobre o futuro da frente de oposição (PT, PDT, PSB e PC do B), o presidente do PDT, Leonel Brizola, já busca apoio para lançar-se candidato a presidente da República se houver rompimento da aliança.
"O que Brizola está fazendo hoje (ontem) no Rio Grande do Sul: campanha. Enquanto o PT não se resolve, nós vamos ficar parados? A solução é Brizola candidato", disse ontem o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ).
A Folha apurou que, na reunião da frente de oposição realizada anteontem, Brizola disse a representantes do PC do B que gostaria de ter o apoio do partido caso se concretize o rompimento da aliança.
Diante da decisão do PT do Rio de não apoiar o pedetista Anthony Garotinho, Brizola deu um ultimato: ou a candidatura de Vladimir Palmeira é revista ou o PDT abandona a frente. Lula também ameaça desistir de candidatar-se caso não tenha o apoio do PDT.
Ainda que Brizola já esteja se articulando para uma possível candidatura, o dia ontem foi de conversas entre membros da frente para tentar resolver a chamada "questão do Rio".
"Lula tem de conversar com Vladimir. Político tem de negociar. Nós queremos Lula candidato", afirmou o líder do PSB na Câmara, Alexandre Cardoso (RJ).

Tempo
No Rio Grande do Sul, Brizola afirmou que seu partido pretende dar tempo ao PT antes de uma decisão sobre o futuro da aliança.
"Não vamos nos precipitar", afirmou Brizola à Agência Folha, ao responder se o prazo de 72 horas dado ao PT pelos líderes dos partidos de oposição, na reunião de anteontem, era definitivo.
"A rigor, não estamos dentro de prazos. Alguém falou (na reunião) que a situação deveria ter uma apreciação urgente", disse Brizola, questionado se o PDT esperaria até 8 e 9 de maio, quando o PT realiza encontro nacional.
"Há dois anos que venho lutando por essa aliança, mas quero ser realista", disse o líder pedetista, referindo-se às chances de concretizar seu projeto.
"No meu conceito, considero que a situação tornou-se muito difícil de superar pelas dificuldades que o PT irá enfrentar para reverter a situação do Rio."
Brizola disse que a decisão do diretório fluminense do PT já causou consequências irreversíveis, como o lançamento da senadora Emília Fernandes (PDT-RS) para disputar o governo gaúcho.
Brizola disse acreditar "100%" em uma coligação dos partidos no segundo turno e que o PT tem demonstrado "um despreparo muito grande com a construção de uma aliança".
O líder do PDT criticou a decisão dos petistas fluminenses. Brizola considerou a atitude dos filiados "eleitoreira e fisiologista".
Desânimo
A bancada do PT na Câmara se reuniu ontem para decidir o que fazer. A reunião, no entanto, serviu apenas para acirrar mais as posições e revelar o desânimo quanto a uma solução negociada.
Uma das alternativas levantadas seria abortar a candidatura de Vladimir Palmeira, seja por negociação política, decisão do Encontro Nacional ou intervenção na direção do partido no Rio.
Outra proposta é pressionar o PDT a aceitar a decisão do diretório do PT fluminense. Em contrapartida, Lula faria no Rio campanha para os candidatos do PT, Vladimir Palmeira, e do PDT, Anthony Garotinho.
No entanto, a reunião acabou sem consenso. "É evidente que há uma tensão muito grande", disse Miro Teixeira. "Estamos num impasse", afirmou o deputado José Machado (PT-SP).
(LUCAS FIGUEIREDO e SANDRA HAHN)


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