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SISTEMA FINANCEIRO
Comissão de sindicância arquiva investigação a respeito de vazamento de informações privilegiadas
BC muda regras para evitar novos casos
da Sucursal de Brasília
O Banco Central anunciou
ontem as primeiras medidas,
depois da instalação da CPI dos
Bancos, para reduzir o risco das
aplicações no mercado financeiro
e tentar evitar que aconteçam novamente casos como os que resultaram no socorro aos bancos Marka e FonteCindam.
"Essas medidas são uma resposta ao ocorrido", disse o diretor de
Política Monetária, Luiz Fernando
Figueiredo, que evitou fazer qualquer referência aos bancos Marka
e FonteCindam.
A primeira medida proíbe que os
administradores de fundos de investimento (financeiro ou em quotas), seus controladores e empresas coligadas comprem quotas dos
fundos administrados por eles.
Se um determinado banco administra um fundo de investimento,
ele não poderá mais investir recursos próprios nesse fundo ou em
quotas desse fundo. A proibição
vale para quem controla o banco
que administra o fundo.
Caso essa regra já estivesse em vigor desde 1998, o FonteCindam
não poderia ter aplicado recursos
próprios da instituição nos fundos
administrados por ele, operação
descoberta pelo BC depois de ajudar a instituição. Não era o único
banco nessa situação. A lista que a
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros) enviou à CPI dos Bancos
indica que diversas instituições fizeram isso em janeiro.
O BC também proibiu às instituições financeiras de conceder garantias, aval, fiança ou utilizar recursos próprios para garantir operações de fundos que administrem. Essa proibição inclui o mercado futuro, onde são feitas operações de compra e venda com base
em expectativas posteriores de
preços. Ou seja, essas operações
deverão ter garantias de outra instituição que não a administradora
ou uma empresa vinculada a ela.
A partir de hoje, o diretor responsável pelos fundos de investimento deverá divulgar demonstrativos trimestrais demonstrando
que as operações realizadas estão
de acordo com o regulamento do
fundo. O BC está concedendo um
prazo de 30 dias, contados a partir
de hoje, para que o mercado se
adapte às novas regras.
Arquivamento
Comissão de sindicância do BC
decidiu arquivar o processo de investigação da suspeita de venda de
informações privilegiadas por seus
funcionários a instituições privadas, depois de constatar a impossibilidade de comprovar os indícios
desse tipo de operação.
A decisão foi tomada no final da
tarde de anteontem pelo presidente do BC, Armínio Fraga, logo depois de seu retorno dos EUA.
O resumo do relatório final da
comissão, criada no último dia 12
de abril exclusivamente para investigar essas suspeitas, foi divulgado ontem por Fraga.
O texto integral -cinco volumes
que totalizam cerca de 700 páginas- foi encaminhado à CPI dos
Bancos, ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e ao Tribunal de Contas da União.
"A comissão foi fundo na questão e concluiu que não há indícios
que confirmem as suspeitas", afirmou Fraga. "O que o BC se dispôs a
fazer está feito", completou.
Os trabalhos, entretanto, foram
limitados pelo fato de a comissão
de sindicância do BC não ter poder
para quebrar os sigilos das pessoas
suspeitas.
Por conta disso, não consta do
texto a chamada feita do quarto de
Luiz Augusto de Bragança, um dos
suspeitos de receber informações
privilegiadas, ao telefone 414-1320,
do Departamento de Fiscalização
do BC, no último dia 14 de janeiro.
Bragança estava hospedado naquele dia em um hotel de Brasília.
A comissão somente constatou
que ele não foi pessoalmente ao BC
nem recebeu telefonemas feitos
em aparelhos da instituição.
A primeira conclusão do texto de
quatro folhas divulgado ontem
aponta que "as pessoas ouvidas
pela comissão negaram a existência de informação privilegiada mediante pagamento de propina a
servidores do BC".
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