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Declínio começou após morte do filho herdeiro político
DA REDAÇÃO
A carreira do senador Antonio
Carlos Magalhães sofreu uma inflexão com a morte de seu filho
Luís Eduardo Magalhães, em 21
de abril de 1998: "Perdi a minha
vida. Por que não fui eu?"
ACM tinha programado os passos do filho, na época líder de
FHC na Câmara. Convencera Luís
Eduardo a disputar o governo do
Estado naquele ano. A vitória
abriria caminho a sua candidatura à Presidência em 2002, um posto que ACM já havia então desistido de disputar pessoalmente.
O infarto fatal do filho transtornou seus planos. Privado de seu
sucessor natural, passou a atuar
como um radical livre, atropelando o presidente Fernando Henrique Cardoso e seus aliados no
Congresso, imaginando talvez articular sua própria candidatura ao
Planalto: "Eu não consegui diminuir a pobreza porque não sou
nem fui presidente", disse.
A única vez que ACM tentou
disputar a Presidência foi em
1994. Governador da Bahia pela
terceira vez, era tido como o nome natural do partido. Mas, no
Encontro Nacional do PFL, em 26
de fevereiro, Marco Maciel e Jorge
Bornhausen barraram sua candidatura, alegando que seria prudente aguardar os efeitos do Real.
ACM compreendeu que já não
tinha chances e, no dia seguinte,
defendeu uma aliança do PFL
com o PSDB em torno de FHC
-que até sugeriu à época Luís
Eduardo para vice.
Após a morte do filho, que servia de amortecedor nos conflitos
de ACM com FHC, o senador começou a se descolar do governo.
Em 1999, propôs a CPI do Judiciário, que acabou revelando as relações do ex-secretário-geral da
Presidência Eduardo Jorge com o
juiz Nicolau dos Santos Neto.
Em julho, defendeu a criação de
um fundo para a erradicação da
miséria no Brasil, ao mesmo tempo em que criticava Pedro Malan,
antigo aliado. Obteve a aprovação, no Senado, da emenda que limita o uso de medidas provisórias
pelo presidente. No ano seguinte,
levou o PFL a defender o aumento
do salário mínimo para R$ 180, o
que desgastou muito FHC.
Desencadeou uma campanha
para impedir que Jader Barbalho
o sucedesse na presidência do Senado, rachando a base aliada.
Derrotado, acusou FHC de traição e buscou o auxílio dos procuradores, aos quais disse ter tido
acesso à lista dos votos na cassação de Luiz Estevão. E foi precisamente a revelação dessa conversa
pelo procurador Luiz Francisco
de Souza que levou às investigações sobre a violação do painel e
ao pedido de sua cassação.
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