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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Meta é adotar decisões simpáticas aos olhos da população
Para alavancar Serra, FHC
recorre a "pacote de bondade"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem margem de manobra para
adotar uma medida de grande
impacto econômico que beneficie
José Serra na eleição, o presidente
Fernando Henrique Cardoso decidiu recorrer a um "pacotinho de
bondades" para tentar levar ao segundo turno o pré-candidato do
PSDB ao Palácio Planalto.
As duas principais medidas são:
a reinclusão de pelo menos R$ 3
bilhões dos R$ 5,3 bilhões cortados do Orçamento recentemente
pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) e a queda dos juros, sinalizada ontem pela ata do Copom,
órgão do Banco Central que define as taxas básicas.
FHC também tomará pequenas
decisões simpáticas aos olhos da
população. Na próxima quarta,
por exemplo, anunciará na TV o
início do pagamento das perdas
do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) provocadas
por planos econômicos.
Diante dos sinais de piora econômica, com a queda do PIB
(Produto Interno Bruto) em dois
trimestres consecutivos em comparação ao mesmo período de
2001 e o desemprego em alta em
São Paulo, FHC decidiu dar um
refresco a Serra e evitar o clima de
recessão no fim de mandato.
Em julho, serão liberados recursos bloqueados para obras paradas ou com o cronograma atrasado. Deverá haver também "descongelamento" de verbas de convênios com prefeituras e Estados.
O prazo para repasse desses recursos vai até 6 de julho.
A Folha apurou que o presidente prometeu a Serra a volta de R$ 3
bilhões para investimentos com
ou sem a prorrogação da CPMF a
partir de 17 de junho. O governo,
porém, já dá como certa a prorrogação e a suspensão da noventena
(prazo de 90 dias entre a aprovação pelo Congresso e a cobrança).
Assim, poderiam voltar a ser gastos R$ 4,9 bilhões dos R$ 5,3 bilhões congelados.
Juros
Depois de conversar com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, FHC obteve sinais de
que haverá queda controlada da
taxa de juros básica da economia,
hoje em 18,5% ao ano.
Outro exemplo de medida simpática veio anteontem: uma portaria liberou o sinal da TV Globo
para cerca de 50 milhões de usuários de antenas parabólicas assistirem à Copa do Mundo. Logo
após a cerimônia, deputados da
Amazônia deram entrevistas a rádios locais comemorando o fato
de pessoas nas zonas rurais poderem ver os jogos do Brasil.
A idéia é criar, com esse conjunto de medidas, a sensação de que a
economia melhorará, ainda que
um impacto significativo da queda de juros demore cerca de seis
meses para produzir efeitos positivos nas taxas de desemprego e
de crescimento econômico.
Serra argumentou com FHC
que o Copom, ao manter os juros
altos, dá sinal de falta de confiança
na economia, o que faz empresários cortarem na carne já.
Serra debita na conta da equipe
de Malan parte da culpa por sua
queda nas pesquisas. A outra parcela, atestam pesquisas do próprio PSDB, ficou a cargo das denúncias que apontam relações
suspeitas entre Serra e personagens da sombra tucana, como Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de recursos do PSDB.
Segundo turno
FHC prometeu a Serra que o governo tentará lhe dar os cinco ou
seis pontos percentuais que os
marqueteiros acreditam serem
suficientes para levar o tucano ao
segundo turno contra Lula.
Fala-se numa taxa de 23% a
25% para garantir uma das vagas.
Na avaliação de FHC, o presidenciável Anthony Garotinho
(PSB) está no limite máximo de
intenção de voto, cerca de 16%,
por não ter estrutura partidária.
A Folha apurou que, na política,
o maior temor de Serra é a eventual saída de Garotinho da sucessão. Para o tucano, Lula poderia
ganhar no primeiro turno.
FHC julga que após 5 de julho,
com a oficialização das candidaturas, diminuirá a apatia de setores tucanos em relação a Serra.
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