São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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Anúncio não é pecado, diz governo

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou seu discurso durante a assinatura de acordo para modificar as regras de gasto com publicidade do governo, ontem no Palácio do Planalto, para responder a críticas sobre essas despesas e disse que comunicar "não é pecado".
"Ou o governo utiliza os meios de comunicação ou ele não faz nada, fica simplesmente girando como um peru de Natal em torno da burocracia. Se nós não queremos isso, se nós queremos um governo que fale com a sociedade, é por intermédio dos meios de comunicação de massa. E isso custa. Esse custo tem de se pagar e tem de estar no Orçamento", disse FHC.
E completou: "Não adianta botar lá todo ano na crítica: o governo vai gastar R$ 500 milhões. Deve gastar mais. Precisa se perguntar se está gastando bem ou mal". Para ele, a promoção pessoal deve continuar sendo questionada.
No ano passado, o governo gastou R$ 300,7 milhões em publicidade oficial. Neste ano, o valor será menor (R$ 147,1 milhões devido às restrições legais durante o período eleitoral), mas 78,5% do valor já foi liberado. A exemplo de discursos anteriores, o presidente classificou seus opositores como pessoas apegadas ao passado ou avessas à inovação. Para ele, mesmo aqueles que são "do contra" não podem negar os avanços promovidos nos últimos dez anos.
FHC listou exemplos da importância da comunicação social do governo. A lista destacou ações da pasta da Saúde, como a abrangência das campanhas de vacinação, e da Educação, como o crescimento das inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio.
Segundo o presidente, os críticos "inventam mil fabulações" para negar as inovações que fez. Ele também aproveitou para aconselhar futuros governantes: "Quem inova tem de estar disposto a aguentar, no começo, uma reação muito forte. Se não tiver energia para manter a linha, para perseverar, não ganha", afirmou.
FHC arrancou risos e aplausos da platéia com uma referência à lucratividade das agências publicitárias. "Se está gastando mais, se tiver o dinheiro e se for uma campanha boa, muito bem, que gastem. E que vocês que ganhem sua partezinha, moderada", disse. Nizan Guanaes, marqueteiro de José Serra (PSDB), estava presente.
O acordo firmado ontem com o mercado publicitário, a menos de sete meses do final do mandato, prevê a divisão da propaganda em quatro categorias: institucional, utilidade pública, mercadológica e legal. Em troca da transparência orçamentária da publicidade oficial, os veículos de comunicação darão descontos de até 80% para as propagandas de interesse social, nas quais não poderão constar slogans do governo.
Apesar de o presidente afirmar que os governantes devem ter uma relação transparente com a população com relação aos gastos de publicidade, o governo não tem um levantamento sobre como as verbas publicitárias deste ano foram divididas. Também não foi divulgada uma estimativa do custo da campanha institucional "Brasil 8 anos construindo o futuro", alvo das críticas indiretamente citadas pelo presidente.



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