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Anúncio não é pecado, diz governo
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou seu discurso durante a assinatura de
acordo para modificar as regras
de gasto com publicidade do governo, ontem no Palácio do Planalto, para responder a críticas
sobre essas despesas e disse que
comunicar "não é pecado".
"Ou o governo utiliza os meios
de comunicação ou ele não faz nada, fica simplesmente girando como um peru de Natal em torno da
burocracia. Se nós não queremos
isso, se nós queremos um governo que fale com a sociedade, é por
intermédio dos meios de comunicação de massa. E isso custa. Esse
custo tem de se pagar e tem de estar no Orçamento", disse FHC.
E completou: "Não adianta botar lá todo ano na crítica: o governo vai gastar R$ 500 milhões. Deve gastar mais. Precisa se perguntar se está gastando bem ou mal".
Para ele, a promoção pessoal deve
continuar sendo questionada.
No ano passado, o governo gastou R$ 300,7 milhões em publicidade oficial. Neste ano, o valor será menor (R$ 147,1 milhões devido às restrições legais durante o
período eleitoral), mas 78,5% do
valor já foi liberado. A exemplo de
discursos anteriores, o presidente
classificou seus opositores como
pessoas apegadas ao passado ou
avessas à inovação. Para ele, mesmo aqueles que são "do contra"
não podem negar os avanços promovidos nos últimos dez anos.
FHC listou exemplos da importância da comunicação social do
governo. A lista destacou ações da
pasta da Saúde, como a abrangência das campanhas de vacinação,
e da Educação, como o crescimento das inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio.
Segundo o presidente, os críticos "inventam mil fabulações"
para negar as inovações que fez.
Ele também aproveitou para
aconselhar futuros governantes:
"Quem inova tem de estar disposto a aguentar, no começo, uma
reação muito forte. Se não tiver
energia para manter a linha, para
perseverar, não ganha", afirmou.
FHC arrancou risos e aplausos
da platéia com uma referência à
lucratividade das agências publicitárias. "Se está gastando mais, se
tiver o dinheiro e se for uma campanha boa, muito bem, que gastem. E que vocês que ganhem sua
partezinha, moderada", disse. Nizan Guanaes, marqueteiro de José
Serra (PSDB), estava presente.
O acordo firmado ontem com o
mercado publicitário, a menos de
sete meses do final do mandato,
prevê a divisão da propaganda em
quatro categorias: institucional,
utilidade pública, mercadológica
e legal. Em troca da transparência
orçamentária da publicidade oficial, os veículos de comunicação
darão descontos de até 80% para
as propagandas de interesse social, nas quais não poderão constar slogans do governo.
Apesar de o presidente afirmar
que os governantes devem ter
uma relação transparente com a
população com relação aos gastos
de publicidade, o governo não
tem um levantamento sobre como as verbas publicitárias deste
ano foram divididas. Também
não foi divulgada uma estimativa
do custo da campanha institucional "Brasil 8 anos construindo o
futuro", alvo das críticas indiretamente citadas pelo presidente.
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