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REFORMAS
Para Mercadante, empresários não querem pagar imposto; entidade diz que deve "colocar o dedo na ferida" da proposta tributária
Governo rebate Fiesp, que mantém críticas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DA REPORTAGEM LOCAL
Os ministros Antonio Palocci
Filho (Fazenda) e José Dirceu
(Casa Civil) e o líder do PT do Senado, Aloizio Mercante, reagiram
ontem às críticas da Fiesp à proposta de reforma tributária.
O senador disse que "o que os
empresários querem é não pagar
imposto", e o ministro da Casa Civil afirmou que a Fiesp "tem que
apresentar uma proposta alternativa". Palocci foi mais prudente:
"Não temos como escrever no
texto "não haverá aumento da carga tributária". Mas temos um
compromisso de manter a carga
atual", disse o ministro.
A Fiesp divulgou anteontem
uma carta para expressar sua
preocupação com "lacunas" do
texto que poderiam permitir o aumento da carga tributária.
Ontem pela manhã, em seminário promovido pela Assembléia
Legislativa de São Paulo para debater o tema, o presidente da
Fiesp, Horacio Lafer Piva, elevou
o tom das críticas e disse ter ficado
surpreso com a reação do governo federal à carta.
"Duvido que o presidente Lula e
o ministro José Dirceu não compreendam este documento, porque ele não tira, em momento algum, o mérito da reforma. Ao
contrário, propõe a discussão para a sua melhoria."
Sobre a declaração de Mercadante, Piva afirmou: "Alegar que
os empresários querem pagar
menos impostos é uma frase mais
de efeito do que certamente de
convicção do senador".
Palocci Filho aproveitou ontem
a aprovação da emenda da reforma tributária na Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara
para responder as críticas da
Fiesp, mas disse que não entendeu a carta como uma posição
contrária à reforma. "Até porque
o presidente da Fiesp esteve conosco, participando do Conselho
de Desenvolvimento Econômico
e Social.", disse Palocci. Piva não
havia feito críticas tão contundentes à reforma na época da discussão no conselho.
Piva afirmou ontem durante o
seminário que "a proposta é pior
do que nós [empresários] imaginávamos" e que "o papel da Fiesp
é pressionar o Congresso Nacional e colocar o dedo na ferida". Ele
classificou ainda a CPMF como
"um imposto da pior qualidade,
horroroso, que interfere até na
Bolsa de Valores".
Palocci disse que é "procedente" a preocupação dos empresários com a possibilidade de aumento da carga tributária após a
reforma. Segundo ele, isso poderia acontecer, por exemplo, caso
os Estados quisessem nivelar as
novas alíquotas do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) por cima. Segundo o ministro, os Estados já vão
ter ganhos de arrecadação com a
simplificação do sistema e não terão necessidade de elevar tributos.
Em relação à carga tributária federal, Palocci explicou que existem mecanismos na proposta que
permitem a redução da carga caso
ela aumente. "Nós fixamos um teto para a CPMF, mas não um piso", afirmou ele.
Questionado sobre os aumentos de impostos para empresas e
bancos embutidos na Medida
Provisória 107, Palocci afirmou
que, pela proposta de reforma, o
governo federal está perdendo receitas porque está transferindo a
cobrança do Imposto Territorial
Rural para os Estados e vai criar
um fundo para desenvolver regiões mais pobres do país.
O líder do governo no Senado
foi mais enfático. "O que os empresários também não estão gostando é que a reforma vai diminuir a sonegação, a elisão e a evasão fiscal."
O ministro da Casa Civil fez palestra no mesmo seminário do
qual participou Piva, mas em horário diferente. "Isentar exportações e acabar com a cumulatividade é tudo que a Fiesp pedia, ou
não?", questionou Dirceu.
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