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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / VIOLAÇÃO DE SIGILO
PF volta a investigar caseiro por dinheiro em sua conta
Polícia vai ouvir Francenildo sobre origem dos R$ 25 mil que diz ter recebido do pai
Ontem, ex-presidente da Caixa depôs novamente e reafirmou ser responsável
pela violação de sigilo do
acusador do ex-ministro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O caseiro Francenildo dos
Santos Costa, que teve o sigilo
bancário violado -supostamente a mando do ex-ministro
da Fazenda Antonio Palocci-,
voltou a ser alvo de investigações da Polícia Federal. Francenildo será convocado a prestar novo depoimento pelo delegado Rodrigo Carneiro Gomes.
O ex-presidente da Caixa
Econômica Federal Jorge Mattoso voltou a depor à PF ontem,
em São Paulo. Segundo relato
da PF, Mattoso pouco acrescentou às investigações. Ele
voltou a assumir a responsabilidade pela extração de dados
da conta poupança do caseiro
no momento em que Palocci
suspeitava que Francenildo havia sido pago pela oposição para
testemunhar contra ele.
À CPI dos Bingos Francenildo confirmou declarações que
havia feito a "O Estado de S.
Paulo", segundo as quais Palocci era freqüentador assíduo da
chamada "casa do lobby", onde
Francenildo trabalhava.
Mattoso disse que pediu ao
então assessor da presidência
da estatal Ricardo Schumman a
impressão de um segundo extrato, que deu origem à comunicação ao Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), alertando sobre indícios de movimentação atípica e
lavagem de dinheiro.
O primeiro extrato foi entregue por Mattoso ao então ministro na noite de 16 de março,
véspera do dia em que os dados
do caseiro foram divulgados
pelo blog da revista "Época".
O crime provocou a demissão
de Palocci e Mattoso, além de
um pedido de indenização à
Caixa de R$ 17,5 milhões.
Prazo
O delegado Rodrigo Gomes
tem até 15 de junho para concluir o inquérito. Depois de
apresentar Palocci, Mattoso e o
ex-assessor da Fazenda Marcelo Netto, respectivamente, como autor e co-autores do crime, o delegado pediu o processo de volta à Justiça Federal e
mais um mês de prazo.
O delegado ainda não analisou o conteúdo da quebra do sigilo telefônico de Netto, que
nega participação no vazamento dos dados, da mesma forma
que seu ex-chefe e o ex-presidente da Caixa.
A assessoria da PF informou
que o inquérito não pode deixar
de investigar a origem do dinheiro -cerca de R$ 25 mil-
supostamente depositado na
conta do caseiro por seu pai.
Mas a prioridade, diz, é checar
como o governo obteve informações de que Francenildo tinha conta na Caixa.
O inquérito também apura
indícios de lavagem de dinheiro. A Folha não conseguiu localizar ontem o caseiro nem
seu advogado.
(MARTA SALOMON)
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