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EM PORTUGAL
Ministro pede bênção para o governo tucano
Motta acende velas
para si e para FHC
IGOR GIELOW
enviado especial a Portugal
Sérgio Motta acendeu uma vela
para Fernando Henrique CArdoso, outra ainda maior para si
próprio e pediu a bênção do bispo de Fátima -sítio sagrado em
Portugal- para o Brasil e para o
governo tucano.
Esse é o resumo da primeira
etapa mística da viagem particular que o ministro das Comunicações está fazendo por Portugal, após encerrar a agenda oficial na última terça-feira.
Sem nenhuma palavra sobre
compra de votos, articulação política ou banda B, Motta chegou
na noite de quarta-feira a Fátima,
120 km ao norte de Lisboa, com o
objetivo de visitar o famoso santuário da cidade.
Na madrugada de ontem, o ministro foi caminhar. Parou no
mítico santuário de Fátima, local
onde a Virgem Maria teria aparecido para três crianças em 1917.
Junto à cova da Iria, ponto ao
lado do arbusto em cima do qual
"uma senhora mais brilhante do
que o sol" apareceu, Motta parou para comprar velas.
Pegou duas da caixa aberta e
depositou os 50 escudos (R$
0,30) pedidos. Sua mulher, Wilma, também pegou velas.
"Essa aqui é para o Fernando
Henrique Cardoso. Sempre é
boa", disse o ministro. Depois,
acendeu outra, "para Wilma".
Na manhã seguinte, o ministro
levou a mulher, uma prima, a
mãe e a sogra para a missa de
Corpus Christi no santuário, um
grande pátio semicircular a partir da basílica de Fátima que antes recebeu mais de 50 mil pessoas. Motta empurrou a cadeira
de rodas com a mãe, Noêmia, 83.
"Fiquei emocionado com a fé
das pessoas. Sou agnóstico, não
materialista, mas me emocionei.
Era um sonho de minha mãe",
disse o ministro, que não comungou e ouviu uma homilia
sobre a eucaristia que pregava o
abandono do desânimo.
Depois de duas horas de missa
ao ar livre, o ministro levou a família para conhecer o bispo de
Fátima, Serafim Sousa Silva. Ficou, como outros peregrinos,
cerca de 30 minutos numa fila.
O bispo desceu do palanque,
devido à impossibilidade de levantar a cadeira da mãe do ministro: "Eu sou Sérgio Motta,
ministro das Comunicações do
Brasil. Trago um abraço do presidente Fernando Henrique Cardoso e trouxe minha mãe. Gostaria de pedir também uma bênção
para meu país e seu governo".
O ministro comprou então
duas velas de um metro de altura.
Uma foi para a mãe. "A outra foi
para mim, por dica da minha
mãe, que acha que é para me cobrir das pragas."
Motta é de uma família de cristãos-novos, judeus que tiveram
que se cristianizar para fugir da
Inquisição entre 1506 e 1786.
Em Portugal, o rei d. Manuel
casou-se com uma nobre da Coroa espanhola e aderiu à proibição do judaísmo em 1496.
Deu dez anos para os judeus se
cristianizarem. Depois, o destino
foi o exílio, a prisão e a fogueira
em Lisboa, num processo que só
terminou 280 anos mais tarde.
À tarde, Motta foi para Porto,
tendo parado para comer leitão
na cidade de Mealhava.
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