|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PT X PT
Em reunião da Comissão de Ética, cúpula do partido dispensa depoimentos de parlamentares contra Heloísa Helena
PT monta operação para "salvar" senadora
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A direção do PT sinalizou que
não quer arcar com o desgaste de
ter de expulsar a senadora Heloísa
Helena (AL) do partido ao dar um
tratamento diferente à parlamentar no processo disciplinar movido contra ela na Comissão de Ética do partido.
O principal indicativo desse tratamento dado a Heloísa Helena
foi a desistência do secretário de
Organização do PT, Sílvio Pereira,
de convocar os senadores Tião
Viana (AC) e Ideli Salvatti (SC)
para testemunhar contra a parlamentar alagoana. Ligado ao ministro José Dirceu (Casa Civil), Pereira é o autor da representação
que deu origem ao processo disciplinar movido contra Helena e os
deputados João Batista Oliveira
de Araújo, o Babá (PA), e Luciana
Genro (RS) na Comissão de Ética.
"Nós queremos continuar o
diálogo com a senadora. Achamos que com ela há uma boa base
de entendimento. Não queremos
queimar todas as pontes", disse
Sílvio Pereira. Ele afirmou, no entanto, que o limite do "diálogo" é
o comprometimento de Helena
de votar a favor das reformas.
"Com certeza, tática de guerrilha não é explodir ponte. Mas não
posso dar minha palavra de que
votarei a reforma da Previdência", declarou a senadora.
As testemunhas de defesa e acusação dos radicais foram ouvidas
neste fim de semana, na sede do
PT, em São Paulo. Houve apenas
três testemunhas de acusação
contra 13 de defesa.
Diferentemente do caso de Salvatti e Viana, que, ao depor, poderiam "acirrar" o ânimo da senadora, a direção do partido não
abriu mão dos depoimentos dos
deputados federais Paulo Rocha
(PA) e Ângela Guadagnin (SP),
que testemunharam contra Genro e Babá. Na avaliação dos dirigentes petistas, os dois já decidiram deixar o PT para formar um
novo partido. Continuariam na
sigla apenas para ganhar visibilidade com o caso, dando força para a tese a favor da expulsão.
Adelmo dos Santos, dirigente
do PT de Alagoas, foi o único nome que depôs contra a senadora.
Segundo Pereira, ele foi arrolado
para falar sobre a oposição da senadora à aliança do PT com o PL
nas eleições de 2002.
Na reunião da bancada petista
do Senado na terça-feira, será definida a estratégia de tramitação
das reformas na Casa. O partido
pretende debater uma solução
aceitável para o governo e Helena.
A senadora defende que possa
ser aplicado, no seu caso e no dos
deputados, o artigo 67 do estatuto
do PT, que permite que o parlamentar não vote com a maioria
caso haja "objeções de natureza
ética, filosófica ou religiosa". Para
Pereira, tal saída está descartada.
Mais críticas
As testemunhas de defesa dos
radicais deixaram a sede do partido criticando duramente o governo e o PT. O filósofo Paulo Arantes chegou a falar em "guerra civil" no PT e disse que a única chance de os radicais não serem
expulsos é o agravamento da crise
econômica no país, o que fortaleceria a posição desses parlamentares junto à opinião pública.
Para o sociólogo Chico de Oliveira, o processo disciplinar contra os três "fragiliza" o PT, tornando-o "presa fácil das investidas fisiológicas da direita e dos que fazem política do toma lá, dá cá".
O deputado Paulo Rocha foi
hostilizado por cerca de dez militantes do partido que apoiavam
os radicais. "Paulo Rocha, que papelão, tem que parar de fazer inquisição", cantavam os petistas.
"Isso não é processo democrático
de divergência e sim de ataques
deliberados", disse Rocha.
Texto Anterior: Governo Lula tem apoio de 46% dos servidores Próximo Texto: Senadora insinua que pode deixar o PT Índice
|