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Senadora insinua que pode deixar
o PT
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem fixar data, a senadora Heloísa Helena (AL) insinuou anteontem que pode deixar o PT independentemente do resultado
do processo em curso no partido
que a ameaça de expulsão.
Helena participou de um "tribunal paralelo" de julgamento
dos parlamentares radicais, organizado, entre outros, pelo ex-deputado constituinte pelo PT Plínio de Arruda Sampaio.
Em seu discurso perante o "tribunal", a senadora disse que as
forças de esquerda precisam "fazer uma disputa gigantesca" sobre os rumos do governo e do PT,
mas que necessitam "estabelecer
uma estratégia e estabelecer um
tempo também".
"Não é justo ficar a legitimar, a
dar legitimidade a um processo
como esse [do governo Luiz Inácio Lula da Silva]", disse.
Helena afirmou que "o PT a eles
[direção do partido e governo]
não pertence e é exatamente por
isso que a gente precisa disputar
algo que é patrimônio da classe
trabalhadora". "Agora, com passos firmes, com passos necessários, estabelecendo um calendário
de lutas para que a gente possa decidir o que é que nós vamos fazer.
Porque viver de saudade, sabe?
Viver de memória histórica..."
Questionada pela reportagem
após o fim do evento, a senadora
disse que não levantava "nenhuma hipótese". "Se eu não acreditasse mais no meu partido, eu já
teria saído e não estaria enfrentando essa humilhação que nós
estamos enfrentando numa Comissão de Ética." Mas afirmou:
"Já disse que não vou ter com o
PT uma relação que político vigarista tem com partido de aluguel,
que faz qualquer coisa e abre mão
de suas convicções para ter uma
legenda para disputar eleições".
O prazo a ser dado ao partido e
ao governo antes de uma tomada
de decisão, ela disse, é "programático", e não "temporal".
Os outros parlamentares petistas ameaçados de expulsão também discursaram. A deputada
Luciana Genro (RS) afirmou que
os dirigentes do PT "querem
transformar o partido em um novo PSDB, em um novo PMDB".
Os deputados João Batista de
Araújo (PA), o Babá, e João Fontes (SE) acusaram o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, de fisiologismo na condução da área
política do governo.
Segundo Fontes, cuja possível
expulsão será analisada diretamente pelo Diretório Nacional da
legenda, Dirceu teria dito ao senador Eduardo Suplicy (SP) que, caso ele testemunhasse a favor de
Helena na Comissão de Ética,
anotaria seu nome "na caderneta
como inimigo pelo resto da vida".
"Eles pensam que todo mundo se
vende por cargo", disse Fontes.
De acordo com Babá, "o czar José Dirceu, a partir da Casa Civil,
quer determinar tudo, tratando
parlamentares do PT como se fossem moleques".
Disse que "outros parlamentares estão sendo ameaçados" para
votarem a favor da reforma da
Previdência. "Senão o czar corta
os cargos, as verbas."
Ao final do julgamento "paralelo", acompanhado por cerca de
200 sindicalistas e militantes petistas, foi aprovada uma declaração a ser enviada à direção do PT
na qual a idéia central, comunicada pelo economista Plínio de Arruda Sampaio Jr., será de que "a
vítima do processo contra os radicais é a democracia".
"Os efeitos desse atentado contra a democracia serão terríveis
para o partido e a sociedade", disse o economista, propondo o conteúdo da declaração, que foi aprovada. Segundo ele, "o atentado
contra a democracia é um atentado contra o povo brasileiro".
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