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São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

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Sede de R$ 100 mi é investigada

DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de procuradores investiga a construção da nova sede da Procuradoria Geral, o "Brindeirão". "As instalações são absolutamente imorais", diz o procurador Luiz Francisco de Souza. "Foram gastos cerca de R$ 100 milhões numa obra com aditivos sem justificativas técnicas".
O TCU detectou irregularidades na contratação da Arquitetura e Urbanismo Oscar Niemeyer S/C Ltda. Para dispensar a licitação, alegou-se a "notória especialização", mas o escritório subcontratou os serviços de engenharia. O TCU, contudo, não apontou indícios de superfaturamento.
Recursos que deveriam ter sido destinados ao edifício-sede foram usados para pagar equipamentos de informática e serviços de limpeza e vigilância do MPF.
"O prédio sofre ácidas críticas, mas sou favorável", diz a procuradora Janice Ascari, de São Paulo. "As instalações são excelentes e funcionais e foram projetadas, como um bom administrador deve fazer, prevendo-se um crescimento para dez anos." Ela diz que várias procuradorias foram reformadas, ou criadas em regiões do interior, na gestão de Brindeiro.
Luiza Cristina Frischeisen, de São Paulo, não vê ostentação e diz que a antiga sede era insuficiente. Mas sugere verificar o eventual excesso de serviços terceirizados.
O procurador João Marques Brandão Neto, de Blumenau (SC), compara a nova sede com as condições em que trabalha, em quatro salas alugadas: "A pia, para lavar a louça do café, tive de comprar com dinheiro do meu bolso".
O procurador André Barbeitas gostaria que "uma parte ínfima" dos gastos com a nova sede fosse aplicada na procuradoria no Rio, "prédio comercial, sem garagem e em local que coloca em risco a segurança dos procuradores".
"A sede da PGR é uma extravagância, para que o MPF não seja visto como menor que os órgãos do Judiciário", pondera Eugênio Araújo, do Distrito Federal. (FV)


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