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OPERAÇÃO VAMPIRO
Empresários, lobistas e ex-servidores da Saúde foram denunciados; crimes incluem corrupção e lavagem de dinheiro
Justiça aceita denúncia contra 20 acusados
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça Federal acolheu denúncia na qual o Ministério Público acusa 20 empresários, lobistas,
doleiros e ex-servidores do Ministério da Saúde de prática de corrupção ativa e passiva, formação
de quadrilha, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e fraude a
licitação em compras de medicamentos realizadas pelo órgão.
Os depoimentos de todos os
acusados estão marcados para a
próxima segunda-feira, a partir
das 9h30, conforme notificações
expedidas ontem pela 10ª Vara da
Justiça Federal em Brasília.
Na denúncia de 37 páginas, o
Ministério Público divide a suposta quadrilha em dois subgrupos: um praticava fraudes na
compra de medicamentos em geral; o outro seria especializado em
hemoderivados, o produto que levou ao início da investigação, em
2003, que culminou com a Operação Vampiro, em maio.
Na ocasião, a Polícia Federal
prendeu 17 servidores, lobistas e
empresários sob a acusação de
envolvimento em fraudes. Um
balanço dos mandados de busca e
apreensão revelou que havia cerca de R$ 1,5 milhão em espécie em
poder do grupo.
Segundo o Ministério Público,
os denunciados Marcelo Pitta e
Elias Abboadalla formavam "uma
espécie de organização criminosa
específica, voltada apenas para as
fraudes de hemoderivados". E
ainda: "Porém, é inegável a comunicação dos dois grupos a um
tronco comum, exatamente Jaisler [Jabour de Alvarenga] e Lourenço [Rommel Peixoto]".
Os ex-servidores, entre os quais
Luiz Cláudio Gomes da Silva, preso pela PF em maio, teriam atuação diferenciada, variando de manipulação de licitações ao fornecimento de informações privilegiadas mediante propina.
Nomeado coordenador-geral
de Recursos Logísticos do ministério em agosto do ano passado
pelo ministro Humberto Costa
(Saúde) -com quem trabalhara
em Recife- Gomes da Silva é
acusado de formação de quadrilha, fraude a licitação, corrupção
ativa e lavagem de dinheiro.
As atividades de Jabour são as
mais detalhadas na denúncia. Logo na página 6 do documento, ele
é apontado como "o líder do cartel de empresas nas concorrências
de hemoderivados. Sempre foi o
maior vencedor".
O vínculo entre os dois subgrupos teria sido estabelecido com
base em documento apreendidos
pela Operação Vampiro: a ata de
uma reunião encontrada em poder de Francisco Honorato.
Conforme a denúncia, Honorato, que é acusado de corrupção
ativa, tráfico de influência e lavagem de dinheiro, "desempenhava
várias e relevantes funções na organização criminosa", entre as
quais "atividades relacionadas
com o caixa da organização".
Com base nas escutas realizadas
pela PF, a atuação do lobista e
também acusado Laerte Corrêa
Júnior teria começado no final de
2003. Conforme depoimento de
Honorato reproduzido pelo Ministério Público, o fato de Corrêa
se valer de alegadas relações políticas seria um dos motivos de disputa entre o grupo -marcadamente entre Peixoto e Corrêa.
Relata a denúncia, na página 15,
que, "alegando constantemente
que agia em nome de autoridades
filiadas ao PT -Partido dos Trabalhadores- e que o contato, em
nível político, deveria se dar por
intermédio dele [Corrêa], não é
de se surpreender que Laerte
[Corrêa] visse Lourenço [Peixoto] como um concorrente".
Conforme a investigação, cuja
base é o relatório da PF encaminhado à Justiça, Corrêa teria intermediado contrato de US$ 120
milhões entre a Saúde e a empresa
NovoNordisk para compra de insulina para todo o ano de 2004.
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