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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Objetivo norte-americano era "neutralizar' influência do Eixo na Varig, Vasp e Condor
Empresas aéreas sofreram pressão dos EUA
XICO SÁ
enviado especial a Natal
O Departamento de Estado norte-americano chegou a "investir" US$ 8 milhões para combater
a influência dos países do Eixo, liderados pela Alemanha, nas companhias aéreas brasileiras.
Segundo documentos do arquivo do governo dos EUA, revelados
em Natal por pesquisadores do
Museu da Aviação e da Segunda
Guerra Mundial, as diretorias da
Varig, da Vasp e da extinta Condor eram vistas como grandes
aliadas da Alemanha de Hitler.
Por esse motivo, deveriam ser alvo de uma política de "convencimento" que incluía o pacote dos
US$ 8 milhões à época.
O assunto é tratado no documento "Eliminação da Lati
(companhia aérea italiana) no
Brasil", timbrado pelo Departamento de Estado e com data de 30
de julho de 1941, quando o governo de Getúlio Vargas também era
visto como amigo do nazismo.
"É necessário combater a influência do Eixo, eliminando a Lati, e "desgermanizando' a Varig, a
Vasp e a Condor", diz o texto.
A Lati fazia um vôo de Roma para o Rio de Janeiro, com escala em
Natal, lugar onde os norte-americanos instalariam, em 42, a sua
maior base militar fora dos EUA.
Segundo o Departamento de Estado, a companhia da Itália, um
dos países do chamado Eixo, deveria ser banida do país.
O "investimento" deu resultado em relação à Varig e à Vasp. A
Condor passou a fazer parte de
uma "lista negra" de empresas
inimigas dos americanos.
Como castigo, o governo dos
EUA ordenou o corte do fornecimento de gasolina à empresa. Esse
serviço era prestado pela multinacional Standart Oil do Brasil.
Pressionada e também vítima do
corte do combustível dos seus
aviões em território brasileiro, a
Lati foi obrigada a encerrar as suas
operações entre Roma e o Rio.
Antes de ser forçada a deixar de
voar para o Brasil, um esquema de
espionagem, comandado pelo FBI
(polícia federal dos EUA), vigiava
todos os passageiros e a bagagem
dos aviões da Lati.
Essa vigilância acabou revelando, segundo os documentos em
poder do Museu da Aviação e da
Segunda Guerra, um dado curioso: o grande contrabando de diamantes e de outras pedras preciosas do Brasil.
Os relatórios do FBI e do Office
of Strategic Services (órgão equivalente hoje à CIA, agência de inteligência dos EUA) são fartos em
casos de italianos que saíam do
país com malas cheias de pedras.
Os documentos que agora são
revelados, 53 anos depois do final
da guerra, foram obtidos nos EUA
pelo sociólogo e pesquisador Leonardo Barata, de Natal.
São 70 kg de papéis e fotos que
irão fazer parte do acervo do Museu da Aviação e da Segunda
Guerra Mundial, que está sendo
montado pelo sociólogo.
Esses documentos se encontram, livres para consulta, na Biblioteca do Congresso, em Washington.
A papelada nunca despertou interesse de nenhum órgão de governo do Brasil, o que motivou a
pesquisa de Barata. Os documentos revelam uma Segunda Guerra
Mundial (1939-45) desconhecida
no Brasil, onde foram afundados
pelo menos 16 submarinos (15 alemães e um italiano).
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