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Radar era arma
contra alemães
free-lance para a Folha
Os americanos conseguiam afundar os submarinos alemães na costa brasileira até com certa facilidade, diz Herald Midkiff, que
trabalhou no Brasil a serviço da Marinha dos EUA durante a Segunda Guerra.
"Durante algum tempo,
a Alemanha ainda não sabia que os nossos aviões já
possuíam radares, então os
submarinos alemães ficavam na superfície", conta
Midkiff, hoje com 81 anos,
aposentado como diplomata e morando em Brasília.
Em 42, ano em que o Brasil declarou guerra ao Eixo,
Midkiff passou a atuar como intermediário entre a
Marinha dos EUA e as Forças Armadas brasileiras no
Centro de Forças Operacionais, que funcionou a partir
de 42 no Rio de Janeiro.
Enquanto trabalhou no
centro, Midkiff participou
de várias operações da Marinha norte-americana no
Brasil. Uma das mais importantes foi buscar no
porto de Santos dois navios
(um italiano e outro alemão) para serem convertidos em navios de guerra.
Os navios foram levados
para o Rio de Janeiro e de lá
para os EUA, onde foram
adaptados. Os tripulantes
alemães e italianos, considerados prisioneiros de
guerra, foram levados para
campos de concentração
no interior de São Paulo.
Borracha
Além dos militares, o governo dos EUA mantinha
funcionários civis com atividades ligadas à guerra.
Um desses funcionários
foi Jordan Young, 87, que
atualmente é professor de
história em Nova York.
Entre outros lugares, ele
morou em Fortaleza, onde,
em 43, recrutava nordestinos vítimas da seca para
trabalhar como "soldados
da borracha" na Amazônia
brasileira.
A borracha era um dos
produtos estratégicos mais
importantes durante a 2ª
Guerra, e a produção brasileira era vital para os EUA.
Young diz que foram enviadas cerca de 25 mil pessoas, das quais em torno de
7.000 morreram ou abandonaram os campos de extração do látex.
Sobre os documentos revelados ontem pela Folha,
ele diz que nunca soube dos
ataques aos alemães, apesar
de ter sido amigo dos aviadores que estavam baseados em Fortaleza.
"Eles sempre me diziam
que viam jangadas, mas
nunca submarinos", brinca Young, que é casado
com uma brasileira de Belém.
(FABIANO MAISONNAVE)
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