São Paulo, terça, 30 de junho de 1998

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Radar era arma contra alemães

free-lance para a Folha

Os americanos conseguiam afundar os submarinos alemães na costa brasileira até com certa facilidade, diz Herald Midkiff, que trabalhou no Brasil a serviço da Marinha dos EUA durante a Segunda Guerra.
"Durante algum tempo, a Alemanha ainda não sabia que os nossos aviões já possuíam radares, então os submarinos alemães ficavam na superfície", conta Midkiff, hoje com 81 anos, aposentado como diplomata e morando em Brasília.
Em 42, ano em que o Brasil declarou guerra ao Eixo, Midkiff passou a atuar como intermediário entre a Marinha dos EUA e as Forças Armadas brasileiras no Centro de Forças Operacionais, que funcionou a partir de 42 no Rio de Janeiro.
Enquanto trabalhou no centro, Midkiff participou de várias operações da Marinha norte-americana no Brasil. Uma das mais importantes foi buscar no porto de Santos dois navios (um italiano e outro alemão) para serem convertidos em navios de guerra.
Os navios foram levados para o Rio de Janeiro e de lá para os EUA, onde foram adaptados. Os tripulantes alemães e italianos, considerados prisioneiros de guerra, foram levados para campos de concentração no interior de São Paulo.

Borracha
Além dos militares, o governo dos EUA mantinha funcionários civis com atividades ligadas à guerra.
Um desses funcionários foi Jordan Young, 87, que atualmente é professor de história em Nova York.
Entre outros lugares, ele morou em Fortaleza, onde, em 43, recrutava nordestinos vítimas da seca para trabalhar como "soldados da borracha" na Amazônia brasileira.
A borracha era um dos produtos estratégicos mais importantes durante a 2ª Guerra, e a produção brasileira era vital para os EUA.
Young diz que foram enviadas cerca de 25 mil pessoas, das quais em torno de 7.000 morreram ou abandonaram os campos de extração do látex.
Sobre os documentos revelados ontem pela Folha, ele diz que nunca soube dos ataques aos alemães, apesar de ter sido amigo dos aviadores que estavam baseados em Fortaleza.
"Eles sempre me diziam que viam jangadas, mas nunca submarinos", brinca Young, que é casado com uma brasileira de Belém. (FABIANO MAISONNAVE)



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