São Paulo, Quarta-feira, 30 de Junho de 1999
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PAINEL

Faturadinha baiana

Ao dizer que os ministros baianos não saem do governo porque são ""competentes", ACM quis carimbar PMDB e PSDB. O pefelista sabia que FHC nunca cogitara tirar Tourinho (Minas e Energia) e Ornélas (Previdência Social) do ministério.

Casca de banana

Jader Barbalho (PMDB) e Teotonio Vilela (PSDB), que defenderam a ""competência" de seus ministros, caíram na armadilha de ACM. Para escapar do carimbo, entraram numa briga perdida por Calheiros (Justiça) e Lafer (Desenvolvimento) e podem perder cacife na reforma.

Viva São João!

Às vésperas do recesso, o Senado patrocina uma farra fiscal. Além da rolagem de títulos de precatórios, há um projeto que permite ao Rio emitir letras no valor de R$ 1 bi. Tem parecer contrário do Banco Central, mas pode ser aprovado ainda hoje.

Minando a base

Um cacique do PPB estava de malas prontas para o PFL, quando recebeu uma ligação de FHC. "Não entra senão o ACM fica mais forte". Até segunda ordem, o pepebista fica onde está.

Quem pode pode

A prorrogação do acordo automotivo, para permitir a instalação da Ford na Bahia, trará problemas para o Brasil na área do Mercosul. O Planalto sabe disso, mas não teve como brecar a irresistível ofensiva baiana.

Quem não pode se sacode

FHC, Pedro Malan (Fazenda) e Celso Lafer (Desenvolvimento) eram contrários à prorrogação do acordo automotivo só para permitir a instalação da fábrica da Ford na Bahia. ACM, a favor.

Esperando para ver

O presidente do PMDB, Jader Barbalho (PA), disse que o partido vai ignorar os ataques de Newton Cardoso a FHC. O vice de Minas Gerais ameaçou revelar "a verdadeira história da (aprovação da) reeleição".

Diz isso para todos

Jacques Chirac, presidente da França, disse ontem a FHC que o churrasco do almoço foi a melhor refeição que já degustou em qualquer encontro de cúpula.

Medida concreta

De volta da Caracas, depois da Cimeira do Rio, o presidente venezuelano, Andrés Perez, faz uma escala em Boa Vista (RR). Assina um convênio com Neudo Campos que vai permitir a Roraima ter luz elétrica da Venezuela a partir de outubro.

Quebra de sigilo

O ministro Moreira Alves (STF) e o tucano José Roberto Arruda (DF) tiveram uma conversa secreta no domingo. Acertaram uma distensão entre o Supremo e a CPI dos Bancos, da qual Arruda é vice-presidente.

Saída negociada

Moreira Alves deu o caminho das pedras. A CPI vai detalhar os pedidos de quebra de sigilo, uma exigência do Supremo. O pressuposto é que as liminares concedidas sejam revogadas. Logo.

Diagnóstico final

O STF atribui à insuficiência técnica da assessoria jurídica da CPI dos Bancos a confusão gerada pelas quebras de sigilo. A CPI do Judiciário, ao contrário, teria bom assessoramento.

No fim da linha

Carlos Saúl Menem, o presidente argentino, foi qualificado de "pato manco" pelo chefe de uma das delegações da Cimeira do Rio. Em jargão diplomático, a expressão significa governante em fim de mandato, desmotivado para qualquer iniciativa.

Matriz e filial

Com o encorajamento de um gabinete do Planalto, universitários filiados ao PSDB querem criar uma Federação Nacional dos Estudantes. A UNE (União Nacional dos Estudantes) perderia sua reserva de mercado.

Surpresa final

Vicente Viscome não acreditava, anteontem, que teria seu mandato cassado pela Câmara paulistana. Tanto que recusou contatos com seis vereadores que queriam conversar. Contava com 25 votos. Deu zebra.

TIROTEIO

De Paulo Hartung (PSDB-ES), sobre a rolagem, em discussão no Senado, dos títulos para pagamento de precatórios emitidos ilegalmente:
- Diziam que os desenvolvimentistas abriam mão da estabilidade, queriam a farra do crédito subsidiado. Mas o que está acontecendo é de deixar qualquer desenvolvimentista de queixo caído. É um grande show de irresponsabilidade fiscal.

CONTRAPONTO

Coincidência sonora

Presidente e vice-presidente da CPI do Judiciário, Ramez Tebet (PMDB-MS) e Carlos Wilson (PSDB-PE) encontraram-se no cafezinho do Senado.
Não havia muitos senadores em volta. Boa parte deles retornara a seus Estados para as festas juninas, compromisso inadiável de políticos do Nordeste.
Ramez Tebet virou-se para Carlos Wilson e perguntou:
- Você já foi ao Carandiru?
- Carandiru?! - espantou-se Ramez Tebet.
- É, aquela festa de São João famosa, do Carandiru - insistiu Ramez Tebet.
Só então Wilson se deu conta do que Tebet queria dizer:
- Ah, Caruaru, a festa de Caruaru! Vocês não entendem de nada. Não sabem nem o nome da cidade de uma das festas mais típicas do Brasil.
Tebet não perdeu a pose e pôs fim à conversa:
- É que Carandiru combina mais com CPI do Judiciário!


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