|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Analistas dizem
que não há como haver "acordão"
DA REPORTAGEM LOCAL
É preciso separar os acordos
políticos em curso: de um lado,
as conversas "de Estado" entre
governo, oposição e Judiciário
-louváveis-, e de outro, o
suposto acerto "indecente" entre parlamentares de PL e PTB
para frear as investigações sobre o suposto "mensalão" e
seus desdobramentos.
A análise é do cientista político Luiz Werneck Vianna, que
rechaça, para a tentativa de
criar um "consenso" em torno
da continuidade do governo
Lula, o nome de "acordão":
"Você tem um presidente que
goza de respaldo na opinião
pública e um Congresso muito
mal querido, com pouca legitimidade para pedir o impeachment. E hoje [ontem], dia 29, às
15h15, o presidente ainda não
foi diretamente envolvido".
O professor do Iuperj defende que, só com o acordo, é possível que a vida política no país
caminhe, nem que seja com o
governo "respirando com canudinho". Do contrário, ele
diz, se abrirá "um deserto", trazendo ra quadros ainda piores
para o mundo político.
Para a cientista política Maria
Hermínia Tavares de Almeida,
porém, qualquer tentativa de
barrar as investigações está fadada ao fracasso. "Isso aqui
não é um país com meia dúzia
de políticos, uma oligarquia. O
cenário da crise é ainda muito
aberto, as investigações vão
continuar. Não dependem só
das lideranças, nem só dos
membros da CPI", diz ela, que
argumenta que as frentes abertas no Ministério Público e na
imprensa vão pressionar pela
punição dos envolvidos.
Sobre o possível entendimento entre o governo e a oposição para tirar da pauta um
eventual impeachment do presidente Lula, ela diz: " Mas isso
não está na pauta".
O sociólogo Emir Sader diz
que as eleições movem a oposição. "É um modo de amarrar
ainda mais as mãos de Lula. Foi
só a crise chegar aos tucanos
que FHC virou moderado".
Tanto Maria Hermínia como
Werneck Vianna defendem
que o consenso, se efetivado,
seja usado para aprovar a reforma política.
(FLÁVIA MARREIRO)
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Acordão: Severino articulou acordo anticassação Próximo Texto: Valério quer nova audiência com procurador-geral Índice
|