São Paulo, sábado, 30 de julho de 2005

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Analistas dizem que não há como haver "acordão"

DA REPORTAGEM LOCAL

É preciso separar os acordos políticos em curso: de um lado, as conversas "de Estado" entre governo, oposição e Judiciário -louváveis-, e de outro, o suposto acerto "indecente" entre parlamentares de PL e PTB para frear as investigações sobre o suposto "mensalão" e seus desdobramentos.
A análise é do cientista político Luiz Werneck Vianna, que rechaça, para a tentativa de criar um "consenso" em torno da continuidade do governo Lula, o nome de "acordão": "Você tem um presidente que goza de respaldo na opinião pública e um Congresso muito mal querido, com pouca legitimidade para pedir o impeachment. E hoje [ontem], dia 29, às 15h15, o presidente ainda não foi diretamente envolvido".
O professor do Iuperj defende que, só com o acordo, é possível que a vida política no país caminhe, nem que seja com o governo "respirando com canudinho". Do contrário, ele diz, se abrirá "um deserto", trazendo ra quadros ainda piores para o mundo político.
Para a cientista política Maria Hermínia Tavares de Almeida, porém, qualquer tentativa de barrar as investigações está fadada ao fracasso. "Isso aqui não é um país com meia dúzia de políticos, uma oligarquia. O cenário da crise é ainda muito aberto, as investigações vão continuar. Não dependem só das lideranças, nem só dos membros da CPI", diz ela, que argumenta que as frentes abertas no Ministério Público e na imprensa vão pressionar pela punição dos envolvidos.
Sobre o possível entendimento entre o governo e a oposição para tirar da pauta um eventual impeachment do presidente Lula, ela diz: " Mas isso não está na pauta".
O sociólogo Emir Sader diz que as eleições movem a oposição. "É um modo de amarrar ainda mais as mãos de Lula. Foi só a crise chegar aos tucanos que FHC virou moderado".
Tanto Maria Hermínia como Werneck Vianna defendem que o consenso, se efetivado, seja usado para aprovar a reforma política. (FLÁVIA MARREIRO)


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