São Paulo, sábado, 30 de julho de 2005

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Valério quer nova audiência com procurador-geral

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza pediu ontem à Procuradoria Geral da República uma nova audiência com o procurador-geral, Antonio Fernando de Souza. Valério, pela segunda vez, quer falar com o procurador-geral sem ser convocado.
Além dessa audiência, o empresário mineiro vai encaminhar na próxima terça-feira à Procuradoria Geral, à Receita Federal e à CPI dos Correios mais documentos sobre as suas empresas. Em entrevista à Folha há uma semana, ele ameaçou contar o que sabe e disse que ninguém ia jogar sua "honra no ralo" e que "muita água vai rolar por baixo da ponte".
A assessoria de imprensa de Marcos Valério não informou o porquê de o publicitário ter solicitado uma nova audiência com Antonio Fernando. Também não esclareceu se o pedido seria para "contar tudo", conforme o empresário havia ameaçado.
Disse apenas que, como os documentos serão entregues na próxima semana, Marcos Valério quer se colocar à disposição da PGR para o que for necessário.

Delação premiada
No último dia 14, quando se apresentou sem ser convocado, o empresário propôs ao procurador-geral colaborar nas investigações em troca de benefícios futuros como réu em uma eventual ação penal. Antonio Fernando recusou a proposta dizendo que considerava "inoportuno" fechar esse tipo de acordo na fase preliminar da investigação.
O benefício solicitado por Valério é comumente chamado de "delação premiada". O réu que colabora com as investigações pode ter sua pena reduzida.
No dia seguinte ao seu depoimento, foi a vez de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, ir também espontaneamente à Procuradoria Geral da República.
Os dois revelaram a existência de vários empréstimos que Valério fez para o PT supostamente pagar dívidas de campanha.
Parlamentares da oposição acusaram os dois de terem combinado as versões para supostamente serem incriminados por crime eleitoral, cuja pena é mais branda, e escapar da acusação de serem intermediários do possível esquema de pagamento de mesada, pelo PT, a parlamentares em troca de apoio político: o "mensalão".
A nova direção do PT reagiu à existência dos empréstimos dizendo que não tem compromisso com os contratos acertados entre Marcos Valério e Delúbio.
Irritado, Marcos Valério disse então que quer receber os R$ 93 milhões (em valores atualizados) que alega ser a dívida do PT com ele. Depois disso fez a ameaça de contar tudo o que sabe.
O procurador-geral recebeu na quarta-feira um pedido de prisão preventiva do empresário feito pela CPI dos Correios. Por enquanto, a CPI não será atendida.
A assessoria de imprensa da procuradoria informou no início da noite de ontem que não havia recebido até aquele instante nenhum pedido de audiência por parte de do publicitário.

De volta à PF
Ontem, Valério e sua mulher, Renilda de Souza, voltaram à Polícia Federal. Foram à Superintendência em Belo Horizonte para depor em um inquérito aberto em 4 de julho último e que investiga suposta sonegação de contribuições previdenciárias por parte da SMPB Comunicação, que somariam R$ 27 mil, segundo relatório do INSS referente a um período de quatro anos.
Segundo a Polícia Federal, Valério e Renilda disseram que não eram os sócios-gerentes envolvidos com a gerência financeira da agência. O depoimento deles durou cerca de uma hora.
O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, informou que Renilda, no seu depoimento, disse que não participa da vida da agência, apesar de figurar como sócia. Valério, por sua vez, disse que é comum que as agências de publicidade trabalhem com funcionários prestadores de serviço, na condição de pessoas jurídicas. A SMPB já apresentou sua defesa no INSS.
(PAULO PEIXOTO, THIAGO GUIMARÃES E JOSÉ MASCHIO)


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