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ELEIÇÕES 2006
Lula não distingue presidente de candidato
"É uma coisa meio complicada porque nunca sei quando sou candidato e quando sou presidente", revela petista no RS
Presidente diz que só Vargas fez tanto pela população carente quanto ele e volta a defender a aprovação de um mandato de cinco anos
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LEOPOLDO
Em campanha no Rio Grande do Sul, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse ontem confundir os papéis de
candidato à Presidência da República e de governante.
"Ser presidente da República
e ser candidato é uma coisa
meio complicada porque nunca
sei quando sou candidato e
quando sou presidente. Estou
aqui agora como candidato,
mas se acontecer alguma coisa
grave largo o microfone e fico
presidente outra vez. São quase
inseparáveis as duas coisas",
disse. Lula se referia ao fato de
ter sido noticiado a liberação de
recursos feita pelo seu governo
pouco antes de ele chegar aos
locais onde faz campanha.
"A imprensa trata o anúncio
como se fosse uma questão
eleitoral. Não existe momento
para anunciar uma coisa que
possa beneficiar as pessoas.
Não posso permitir que um setor seja prejudicado porque
tem eleição", afirmou.
Ironia
Lula criticou a oposição por
cobrar medidas administrativas e ao mesmo tempo contestar os anúncios feitos durante a
campanha. "Veja a ironia e a hipocrisia. Se não fazemos isso,
nossos adversários viriam aqui
para o Estado e diriam: "O governo não fez, não ajudou"."
Num tom irônico, Lula comentou: "Cometemos o pecado
de dar, de ajudar". "Querem saber de uma coisa? Vou continuar fazendo o que tem de ser
feito", disse o presidente, fazendo uma ressalva: "Se não estivermos infringindo a lei".
Lula afirmou que seus oponentes "quebraram a cara" porque, segundo ele, sua administração está tendo êxito apesar
das previsões. Contrariado com
as críticas aos seus anúncios,
ele reiterou: "Não posso permitir que por causa das eleições
não façamos mais nada".
Comparando seu governo
aos de Getúlio Vargas, Lula disse que só a promulgação da
CLT (1943) se compara ao que
tem sido feito em termos de
ajuda à população mais carente. "Duvido que haja outro momento histórico do país em que
a parte mais pobre tenha tanta
participação no bolo produzido
pelo povo brasileiro." Mesmo
se comparando a um "pai dos
pobres" (como Getúlio ficou
conhecido), Lula preferiu se
definir como uma mãe.
"Não posso abrir mão de governar este país como uma mãe
governa a sua casa. Se uma mãe
tiver cinco filhos e um estiver
mais debilitado, será o mais debilitado que receberá o cafuné.
Isso nos leva a criar políticas
que incomodam muita gente."
Lula ainda disse não ter orgulho de não possuir um diploma
universitário e que, se pudesse,
seria economista. Dizendo-se
apaixonado pela área, afirmou:
"Nosso novo mandato tem nome. Chama-se desenvolvimento." Dirigindo-se aos aliados no
ginásio Bigornão, do Sindicato
dos Metalúrgicos em São Leopoldo, Lula fez um alerta: "Me
disseram que presidente da República não pode ficar bravo.
Atenção, não levem [PT e PC do
B) desaforos para casa."
Porto Alegre
Em Porto Alegre, durante coletiva, Lula disse que vai defender a inclusão do fim da reeleição com a adoção de cinco anos
de mandato para presidente
numa reforma política a ser
apresentada ao Congresso. "Eu
prefiro mandato de cinco anos
sem reeleição porque acho que
cinco anos é um tempo bom. Isso vai entrar no processo de reforma política. Pretendo convencer os partidos políticos a
apresentar o programa de reforma política no Brasil."
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