São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006

Lula não distingue presidente de candidato

"É uma coisa meio complicada porque nunca sei quando sou candidato e quando sou presidente", revela petista no RS

Presidente diz que só Vargas fez tanto pela população carente quanto ele e volta a defender a aprovação de um mandato de cinco anos

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LEOPOLDO

Em campanha no Rio Grande do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem confundir os papéis de candidato à Presidência da República e de governante.
"Ser presidente da República e ser candidato é uma coisa meio complicada porque nunca sei quando sou candidato e quando sou presidente. Estou aqui agora como candidato, mas se acontecer alguma coisa grave largo o microfone e fico presidente outra vez. São quase inseparáveis as duas coisas", disse. Lula se referia ao fato de ter sido noticiado a liberação de recursos feita pelo seu governo pouco antes de ele chegar aos locais onde faz campanha.
"A imprensa trata o anúncio como se fosse uma questão eleitoral. Não existe momento para anunciar uma coisa que possa beneficiar as pessoas. Não posso permitir que um setor seja prejudicado porque tem eleição", afirmou.

Ironia
Lula criticou a oposição por cobrar medidas administrativas e ao mesmo tempo contestar os anúncios feitos durante a campanha. "Veja a ironia e a hipocrisia. Se não fazemos isso, nossos adversários viriam aqui para o Estado e diriam: "O governo não fez, não ajudou"."
Num tom irônico, Lula comentou: "Cometemos o pecado de dar, de ajudar". "Querem saber de uma coisa? Vou continuar fazendo o que tem de ser feito", disse o presidente, fazendo uma ressalva: "Se não estivermos infringindo a lei".
Lula afirmou que seus oponentes "quebraram a cara" porque, segundo ele, sua administração está tendo êxito apesar das previsões. Contrariado com as críticas aos seus anúncios, ele reiterou: "Não posso permitir que por causa das eleições não façamos mais nada".
Comparando seu governo aos de Getúlio Vargas, Lula disse que só a promulgação da CLT (1943) se compara ao que tem sido feito em termos de ajuda à população mais carente. "Duvido que haja outro momento histórico do país em que a parte mais pobre tenha tanta participação no bolo produzido pelo povo brasileiro." Mesmo se comparando a um "pai dos pobres" (como Getúlio ficou conhecido), Lula preferiu se definir como uma mãe.
"Não posso abrir mão de governar este país como uma mãe governa a sua casa. Se uma mãe tiver cinco filhos e um estiver mais debilitado, será o mais debilitado que receberá o cafuné. Isso nos leva a criar políticas que incomodam muita gente."
Lula ainda disse não ter orgulho de não possuir um diploma universitário e que, se pudesse, seria economista. Dizendo-se apaixonado pela área, afirmou: "Nosso novo mandato tem nome. Chama-se desenvolvimento." Dirigindo-se aos aliados no ginásio Bigornão, do Sindicato dos Metalúrgicos em São Leopoldo, Lula fez um alerta: "Me disseram que presidente da República não pode ficar bravo. Atenção, não levem [PT e PC do B) desaforos para casa."

Porto Alegre
Em Porto Alegre, durante coletiva, Lula disse que vai defender a inclusão do fim da reeleição com a adoção de cinco anos de mandato para presidente numa reforma política a ser apresentada ao Congresso. "Eu prefiro mandato de cinco anos sem reeleição porque acho que cinco anos é um tempo bom. Isso vai entrar no processo de reforma política. Pretendo convencer os partidos políticos a apresentar o programa de reforma política no Brasil."


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