São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

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Alckmin elogia governador do ES, que prefere ficar longe

LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A VITÓRIA (ES)

Quando o candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, desembarcou ontem às 11h30, em Vitória, no Espírito Santo, deu de cara, ainda no aeroporto, com faixas em que seu retrato aparece lado a lado com o do candidato peemedebista à reeleição no Estado, Paulo Hartung.
Logo depois, no Clube Náutico Brasil, onde se realizam os bailes funk mais bombados da capital capixaba, Alckmin discursou e por dez vezes citou o nome de Hartung -sempre em tom elogioso. O próprio Hartung, porém, preferiu reforçar a posição de neutralidade que vem adotando na disputa presidencial e foi fazer campanha no interior do Estado -longe, portanto, de Alckmin.
Considerado o grande eleitor do Espírito Santo, Hartung é dono de altos índices de popularidade e, por isso, cortejado por quase todas as forças políticas locais. Se oficialmente seu partido aparece coligado ao PSDB, PTB e PFL, extra-oficialmente o governador recebe o apoio do PT, PSB e PC do B.
Para não deixar ninguém chateado e não desperdiçar nenhum apoio, Hartung subiu no muro da disputa presidencial e não parece disposto a descer. Alckmin minimiza o problema da falta (até agora) de um palanque forte no Espírito Santo: "Política é a arte do convencimento. Vamos trazer o PMDB para a nossa campanha aos poucos", declarou.
Mas a crise da segurança pública em São Paulo persegue o candidato tucano. Se São Paulo recusou a oferta do governo federal de enviar efetivos da Força Nacional de Segurança (FNS) para ajudar a conter os ataques do PCC, o Espírito Santo foi quem a pediu -e Paulo Hartung é um entusiasta dos resultados alcançados com ela, hoje usada principalmente na contenção do sistema prisional capixaba- também ele convulsionado por rebeliões sangrentas.

Segurança
Questionado a respeito do apoio de Hartung à FNS, o candidato tucano preferiu esquivar-se: "Eu não conheço o trabalho". A seguir, disse que ainda vai avaliar o trabalho da FNS, para decidir se ela teria ou não continuidade em um eventual governo Alckmin. "Eu não acho que esse seja o caminho. Nós ainda vamos avaliar. Você tira o policial de um Estado e o coloca na Força Nacional de Segurança, para atuar em outro Estado? Nós vamos avaliar isso", afirmou o tucano.
O candidato refere-se ao fato de os efetivos da FNS serem recrutados entre a elite das PMs e polícias civis dos Estados, sob a coordenação do Ministério da Justiça.
Segundo Alckmin, uma das suas principais ações na esfera da segurança pública seria no que ele chama de "aperfeiçoamento da legislação". Para o tucano, "Lula piorou a lei": "Até a aprovação da lei 10.792/ 2003, você primeiro levava o preso para o Regime Disciplinar Diferenciado, em presídio de Segurança Máxima, e aí comunicava o Judiciário. A lei nova do Lula diz que primeiro tem de ter ordem judicial -ouvir a defesa e ouvir o Ministério Público. Às vezes, demora seis meses para sair uma decisão".
Mas se a proposta quanto ao RDD não foi apresentada pelo Executivo e, depois, foi aprovada pelo Congresso, por que chamá-la de "lei do Lula"? "Porque ele deveria ter vetado", respondeu o tucano. "Temos de endurecer com o crime organizado", disse Alckmin.
O discurso do candidato no Clube Náutico Brasil foi assistido por cerca de 300 militantes e correligionários. Entre os mais entusiasmados estavam 12 mulheres, cada uma carregando o que parecia ser um sapo verde. Engano. Eram pererecas, da Turma das Pererecas do candidato a deputado estadual Hércules Silveira, do PTB de Vila Velha (ES).
Explica-se: Silveira é médico ginecologista que oferece consultas gratuitas a mulheres carentes -daí para a Turma das Pererecas foi um pulo. A gritaria das moças convenceu até Alckmin, que posou para fotos agarrado a uma versão gigante do batráquio.


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