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Superprotetora, mãe de
Heloísa diz ter vontade de
"arrancar a barba de Lula"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DO ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ
Diante de Helena Lima de
Moraes, 70, sua filha é uma diplomata. A mãe de Heloísa Helena, 44, candidata do PSOL à
Presidência da República,
transmitiu seu sangue quente
à herdeira, mas ainda tem menos papas na língua do que ela.
"Se eu encontrasse Lula, eu
arrancava a barba dele. Tenho
vontade de matá-lo", vocifera.
A reação é de uma mãe que
quase chora ao se lembrar da
filha sendo imprensada por
policiais enquanto protestava
contra a reforma da Previdência. Foi por votar contra a proposta de Lula que Heloísa acabou expulsa do PT. "Quando
pisam nos meus filhos, eu viro
onça ferida", justifica a primeira-mãe do PSOL.
Helena perdeu para o câncer o marido, o fiscal de renda
Luis Gama de Moraes, quando
Hélio, o filho mais velho, tinha
três anos e Heloísa, três meses.
"Fui pai e mãe dos meus filhos. Lutei contra tudo e consegui educá-los. Sou uma sobrevivente", orgulha-se.
Mesmo tendo ficado viúva
aos 26 anos, nunca quis se casar de novo. Motivo principal:
não queria que os filhos tivessem um padrasto "peste" como o que ela diz ter tido.
"Eu era muito paquerada.
Mas, quando vinha um querendo casar, eu dizia que tinha
18 balas para ele. Logo, o bandido sumia", conta dona Helena, que já teve dois revólveres
para proteger a família, mas se
desfez deles depois de sonhar
que atirava num assaltante e a
bala acertava em Heloísa.
Estudos em 1º lugar
Durante os anos 60 e 70, Helena só tinha a pensão mirrada
do marido e os trabalhos de
costureira para sustentar as
crianças. Nem assim pôs Hélio
e Heloísa para trabalhar cedo.
"Trabalhar antes de concluir os estudos, nunca", exclama ela, que viu o filho se formar médico e a filha, enfermeira, além de senadora e candidata a presidente.
Helena diz que se esforçava
para comprar todos os livros
que seus filhos pediam. Nem
que para isso faltasse comida.
"Houve uma época em que
só tinha batata. Eles reclamaram e eu disse: "vocês não querem tudo que é livro? Então só
vão comer batata'", lembra ela,
garantindo que sua pedagogia
os ensinou a ter mais equilíbrio. Mas criou um problema
para Hélio: ele nunca mais
conseguiu comer batata doce,
entojado pelo tanto que comeu na infância.
Os dois filhos nasceram no
sertão, em Pão de Açúcar, onde havia uma maternidade capaz de realizar cesáreas. Helena morou com eles em Igaci,
Mata Grande e, a partir de
1966, em Palmeira dos Índios.
No final dos anos 70, os filhos
Hélio e Heloísa foram estudar
em Maceió.
Foi na capital alagoana que
perderam Cosme, meio-irmão
fruto de uma relação do pai anterior ao casamento com Helena. Envolvido com drogas,
ele foi assassinado nos anos
80. A família crê que foi a polícia, mas nunca se provou.
"Ele não merecia isso. E,
quando cheguei no cemitério,
Heloísa estava sentada no
chão, sozinha ao lado do caixão. A bichinha estava arrasada", recorda a mãe, com lágrimas nos olhos.
Depois que Fernando Collor, como governador, reajustou as pensões estaduais, a situação de Helena melhorou.
Hoje tem dois apartamentos,
ajuda netos e filhos e se prepara para, caso Heloísa fique sem
mandato no fim do ano, auxiliá-la na volta para Maceió.
"Ela vai voltar a dar aulas
aqui na universidade e vou
ajudar em tudo o que ela precisar", promete.
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