São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

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Heloísa rejeita necessidade de reforma da Previdência

Não há rombo nas contas do sistema, diz senadora

DA REPORTAGEM LOCAL

A candidata do PSOL à Presidência da República, senadora Heloísa Helena, descartou ontem a necessidade de reforma da Previdência no país. Reforma, disse, "só se fosse para ampliar direitos". "Desde as aposentadorias para as donas-de-casa até a ampliação dos benefícios dos deficientes físicos".
Segundo ela, "não existe rombo da Previdência, como bem mostrou o Tribunal de Contas da União na análise de contas de 2005". O relatório deste ano apontou que as receitas vinculadas à Seguridade Social somaram R$ 250,9 bilhões, contra R$ 265,1 bilhões de gastos, mas ressalvou que a receita real seria muito maior se não houvesse a incidência da DRU (Desvinculação das Receitas da União). Nessa hipótese, a Seguridade Social apresentaria um saldo de R$ 19,1 bilhões, em vez de um déficit de R$ 14,1 bilhões.
Antes de uma caminhada em Osasco, Heloísa repetiu que a Seguridade Social - que reúne Previdência, Saúde e Assistência Social - "é superavitária em R$ 52 bilhões" e que, com o fim da DRU, esse dinheiro pode ser destinado à ampliação do atendimento. Criada em março de 2000, a DRU dá flexibilidade ao governo para gasto de 20% da arrecadação federal, ao reter fatia da receita originalmente vinculada a despesas.
Heloísa também condenou a liberação de recursos federais aos Estados do Sul às vésperas da ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região. "É demonstração de irresponsabilidade fiscal e administrativa o governo patrocinar três anos de arrocho e contingenciamento, e, no ano eleitoral, fazer o "liberou geral". É muito grave, inclusive administrativamente."
Numa saia justa desde a declaração de voto de Anthony Garotinho a ela, Heloísa Helena fez questão de ressaltar que não conversou com o ex-governador do Rio. Disse que não vai procurá-lo e negou que tenha recebido o apoio formal dele.

Caminhada
Sob chuva, a senadora fez uma caminhada pelo centro de Osasco. Na saída, incomodada com a calça, Heloísa pediu que lhe comprassem um cinto num camelô. A militante Priscila Evangelista pagou R$ 5 por um.
Depois do passeio, a senadora se emocionou ao falar do descontentamento de seus filhos com os sacrifícios de sua empreitada e, mais tarde, ao ouvir o candidato do PSOL ao governo do Estado, Plínio de Arruda Sampaio, elogiá-la ao descrevê-la como "uma líder, pela coragem do salto".

Preocupações
Duas preocupações rondam o PSOL. Uma delas é a de não reeleger seus deputados que eram do PT, e que, portanto, agora não contam com a força da ex-legenda. Para a senadora, "não é justo que num Congresso em que se estabeleça uma relação promíscua porque promíscuo é o chefe do Executivo fiquem de fora aqueles que não fizeram de seu mandato um aparato de enriquecimento".
A outra perturbação citada pelo partido é relativa às finanças de campanha. Segundo o deputado federal Orlando Fantazzini (SP), os custos de viagem da senadora estão sendo pagos pelos próprios deputados. Os representantes do partido anunciaram ontem à noite que farão um jantar de adesão e distribuíram documentos pedindo voluntários para participar da arrecadação.


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