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Requião muda discurso para se coligar ao PSDB
Governador atenua as críticas ao "neoliberalismo"
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O discurso do governador do
Paraná, Roberto Requião
(PMDB), já não é mais o mesmo. A aliança fechada com o
PSDB para tentar a reeleição
fez Requião abrandar as críticas ao "neoliberalismo de desmonte do Estado" que ele antes
identificava nos tucanos.
Chamado de "Hugo Chávez
do Paraná" por adversários e
aliados, devido a suas restrições
a privatizações e à abertura de
mercado, Requião fez um governo de confronto com bancos
e concessionários de pedágio,
tentou impedir o plantio de
transgênicos e rompeu contratos de forma unilateral.
Aproximou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) do governo. Os
dois lados tiveram convivência
amistosa: as invasões diminuíram, e a PM só promoveu desocupações negociadas. O PFL
chegou a acusar Requião de ter
feito do MST um braço auxiliar
do governo, quando o movimento invadia praças de pedágio em protestos contra o reajuste da tarifa -a mesma posição defendida por Requião.
Com o início da campanha à
reeleição, o discurso se tornou
mais brando. Requião diz que
sua campanha de agora "é a
confirmação de um estilo de
governo definido, de opção pelos pobres". Ele agora dialoga
com o agronegócio, ao dizer
que, num novo governo, "o jogo
vai ser pesado na industrialização e na renovação dos nossos
projetos de agricultura".
O vice na chapa de Requião e
responsável pela aliança com o
PSDB, o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, é ligado ao agronegócio.
"Vou dar o equilíbrio, vou diminuir essa valentia", disse.
No discurso de lançamento
da candidatura, Requião não
chegou a dizer se apóia o candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin, mas também
não fez referências ao MST.
Eleito em segundo turno para o governo do Paraná em
2002, com apoio do então candidato Lula, Requião acabou se
afastando do presidente, dizendo que o governo petista foi
uma frustração: "Temos um
companheiro no governo e não
temos as mudanças propostas".
Um das razões mais fortes
para a aliança do PSDB foi que
ela rendeu a Requião mais
2min05 diários de propaganda
na TV, conseguindo assim somar 4min26. O PSDB saiu rachado da convenção que aprovou a aliança (205 votos a 200),
que ainda precisa ser ratificada
pela Justiça Eleitoral.
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