São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

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Requião muda discurso para se coligar ao PSDB

Governador atenua as críticas ao "neoliberalismo"

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O discurso do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), já não é mais o mesmo. A aliança fechada com o PSDB para tentar a reeleição fez Requião abrandar as críticas ao "neoliberalismo de desmonte do Estado" que ele antes identificava nos tucanos.
Chamado de "Hugo Chávez do Paraná" por adversários e aliados, devido a suas restrições a privatizações e à abertura de mercado, Requião fez um governo de confronto com bancos e concessionários de pedágio, tentou impedir o plantio de transgênicos e rompeu contratos de forma unilateral.
Aproximou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) do governo. Os dois lados tiveram convivência amistosa: as invasões diminuíram, e a PM só promoveu desocupações negociadas. O PFL chegou a acusar Requião de ter feito do MST um braço auxiliar do governo, quando o movimento invadia praças de pedágio em protestos contra o reajuste da tarifa -a mesma posição defendida por Requião.
Com o início da campanha à reeleição, o discurso se tornou mais brando. Requião diz que sua campanha de agora "é a confirmação de um estilo de governo definido, de opção pelos pobres". Ele agora dialoga com o agronegócio, ao dizer que, num novo governo, "o jogo vai ser pesado na industrialização e na renovação dos nossos projetos de agricultura".
O vice na chapa de Requião e responsável pela aliança com o PSDB, o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, é ligado ao agronegócio. "Vou dar o equilíbrio, vou diminuir essa valentia", disse.
No discurso de lançamento da candidatura, Requião não chegou a dizer se apóia o candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin, mas também não fez referências ao MST.
Eleito em segundo turno para o governo do Paraná em 2002, com apoio do então candidato Lula, Requião acabou se afastando do presidente, dizendo que o governo petista foi uma frustração: "Temos um companheiro no governo e não temos as mudanças propostas".
Um das razões mais fortes para a aliança do PSDB foi que ela rendeu a Requião mais 2min05 diários de propaganda na TV, conseguindo assim somar 4min26. O PSDB saiu rachado da convenção que aprovou a aliança (205 votos a 200), que ainda precisa ser ratificada pela Justiça Eleitoral.


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