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Espanhóis e portugueses formam
dupla e vencem o leilão da Telebrás
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
O leilão das 12 empresas do Sistema Telebrás teve um grande
vencedor: o bloco formado pela
Portugal Telecom e Telefónica de
España, que atuaram juntas e arremataram a Telesp Participações
(maior empresa de telefonia fixa
do governo) e a Telesp Celular,
maior estatal de telefonia móvel.
De quebra, levaram a Tele Sudeste Celular -segunda maior telefônica celular do governo, que
abrange os Estados do Rio e Espírito Santo) e a Tele Nordeste Celular. Somados, espanhóis e portugueses (com sócios nacionais) desembolsaram R$ 10,97 bilhões, ou
seja, 49% do arrecadado no leilão.
Nos próximos dias, a Portugal
Telecom formalizará sua entrada
como sócia da Telesp Participações (rede fixa), enquanto a Telefónica de España assumirá parte
das ações da Telesp Celular.
Movimento semelhante ocorrerá nas demais empresas adquiridas pelo grupo. Os portugueses terão 23% do capital da empresa que
irá controlar a rede fixa da Telesp.
As garras do bloco ibérico se estendem também sobre a Embratel,
cujo leilão foi vencido pela norte-americana MCI, parceira internacional da Telefónica de España e
da Portugal Telecom.
Com a vitória no Brasil, ampliam a área de atuação da Telefónica Panamericana, criada pelas
três em março último (com sede
em Miami), para atendimento às
grandes multinacionais em toda a
América Latina.
Os laços entre essas empresas
são tão grandes que elas têm ações
umas das outras. A Telefónica tem
3,5% da Portugal Telecom, que
tem 1% da Telefónica. A MCI tem
0,5% da Portugal. São participações pequenas para os padrões
brasileiros, mas grandes para os
padrões europeus e americanos.
A Telefónica e a Portugal Telecom já controlam a CRT, do Rio
Grande do Sul, associadas ao grupo gaúcho de comunicação RBS
(Rede Brasil Sul, da família Sirotsky). Com a compra da Telesp
fixa, elas terão 18 meses para se
desfazer das ações da CRT, pois
não podem ter mais de uma concessão para telefonia fixa no país.
O novo mapa das telecomunicações no Brasil desenhado a partir
do leilão ainda pode sofrer mudanças nos próximos dias. A Folha apurou que a relação entre
RBS, Telefónica e Portugal Telecom estaria abalada.
A RBS é o maior grupo regional
do Rio Grande do Sul e sua prioridade era a compra da Tele Centro
Sul, cuja área de concessão abrange Paraná e Santa Catarina. As informações são de que a RBS desconhecia os planos de seus sócios para a compra da Telesp e teria se
surpreendido com os lances oferecidos: R$ 5,78 bilhões pela rede fixa e R$ 3,58 bilhões pela Telesp
Celular.
Um desfecho provável é a retirada da Telefónica e da Portugal do
capital da CRT, que passaria ao
controle da RBS.
Os presidentes da Telefónica de
España, Juan Villalonga, e da Portugal Telecom, Francisco Luiz
Murteira Nabo, estavam eufóricos
com suas performances no leilão.
"São Paulo é a 'jóia da Coroa', a
área mais importante da América
Latina. Quem não for líder em São
Paulo, não pode ser líder no resto
do continente", afirmou Villalonga.
O executivo confirmou que a
meta da empresa é chegar à liderança absoluta no continente latino-americano e ironizou a falta de
fôlego de seus concorrentes no leilão de ontem: "Quem pode pagar
mais é o líder", completou. Apesar
disso, afirmou que os R$ 5,78 bilhões que ofereceu pela Telesp fixa
eram seu limite.
Villalonga não quis antecipar os
investimentos que serão feitos na
Telesp fixa, mas mandou mensagem de tranquilidade aos funcionários da empresa. Questionado
sobre a possibilidade de demissões, respondeu: "Todos poderão
ficar tranquilos".
O executivo espanhol mandou
também um recado à Globopar
(holding das Organizações Globo)
e ao Bradesco, que disputaram a
Telesp fixa em consórcio com Italia Telecom e foram derrotados.
Villalonga disse que vai convidá-los para se associarem à Telefónica no empreendimento, mas
deixou claro que o convite não se
estende aos italianos.
Igualmente eufórico estava o
presidente da Portugal Telecom,
Murteira Nabo, ex-ministro das
Comunicações português.
"É uma grande vitória da Portugal Telecom. Atingimos todos os
objetivos traçados", afirmou. Disse que a estratégia foi cumprida à
perfeição, tanto no que se referia
aos investimentos conjuntos com
a Telefónica de España quanto aos
traçados com a MCI.
A Telesp Celular tem 1,5 milhão
de assinantes, enquanto a Portugal Telecom tem 1,2 milhão de
clientes na telefonia móvel e 4,1
milhões de assinantes na telefonia
fixa.
Murteira Nabo disse que, apesar
de a Portugal Telecom ter menos
assinantes de celular do que a Telesp, é uma das mais modernas da
Europa e prometeu que os paulistas terão "uma das melhores empresas de telecomunicações do
mundo".
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