São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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MCI leva Embratel com 47,22% de ágio

ANTONIO CARLOS SEIDL
enviado especial ao Rio

Com uma oferta de R$ 2,65 bilhões, o grupo MCI, dos EUA, por meio de sua subsidiária Startel, venceu ontem o leilão de 51,79% das ações com direito a voto da Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações), o braço de telefonia de longa distância do Sistema Telebrás.
O valor representa um ágio de 47,22% sobre o preço mínimo de R$ 1,8 bilhão.
Incluída no primeiro grupo do leilão, a disputa pela Embratel foi a mais acirrada de todas, decidida por lances a viva-voz depois que os lances iniciais, apresentados em envelopes fechados pelas corretoras representantes dos dois grupos, concorrentes foram iguais ao valor de corte, isto é ficaram muito próximos um do outro.
Representando o consórcio formado pela empresa norte-americana Sprint, fundos de pensão e banco Opportunity, a corretora Itaú ofereceu seu lance inicial de R$ 2.499.300, com ágio de 38,85%.
Pela MCI, a corretora Unibanco ofereceu um lance de R$ 2.473.000, com ágio de 37,38%.
Depois de 12 lances alternados a viva-voz, a Unibanco fez a oferta vencedora. O leilão da Embratel começou às 10h23 e foi concluído às 10h32. A MCI vai pagar 40% do total em cinco dias e o restante, em duas prestações anuais.
Jerry DeMartino, vice-presidente sênior de estratégia global e desenvolvimento da MCI (faturamento de US$ 20 bilhões, em 1997), informou, após o leilão, que agora a Embratel é 100% do grupo, que disputou sem parceiros.
Depois de afirmar que descarta a busca de parceiros na Embratel a curto prazo, DeMartino disse que ficou muito feliz com a vitória porque, na opinião do grupo, a Embratel é a "jóia da coroa das telecomunicações no Brasil".
"Temos 100% da Embratel e capacidade para tocar a empresa sozinhos, mas podemos fazer alguma parceria no futuro, caso apareça alguma oportunidade."
A MCI, cuja sede mundial fica em Washington, capital dos EUA, está prestes a ser incorporada pela empresa de telecomunicações norte-americana WorldCom, dando origem à MCI WorldCom.
DeMartino previu que o aumento da competição no mercado de telecomunicações do Brasil, avaliado em US$ 15 bilhões em 97, vai ter como principal consequência a queda das tarifas, a melhoria da qualidade dos serviços, principalmente do acesso à Internet, e o lançamento de novos produtos.
Segundo DeMartino, a compra da Embratel é o maior investimento da MCI no exterior. Ele calcula que a participação da Embratel no faturamento mundial do grupo ficará entre 10% e 12%.
O porta-voz do consórcio perdedor, Carlos Geraldo Langoni, destacou a "transparência e emoção" do leilão. Lamentou, porém, a derrota de seu grupo, que objetivava formar uma empresa de maioria brasileira para administrar a Embratel.
O banco Opportunity e seis fundos de pensão -Sistel (Telebrás), Telos (Embratel), Funcef (Caixa Econômica Federal), Centrus (Banco Central), Previ (Banco do Brasil) e Fundação Cesp- teriam 70% do capital com direito a voto, e o grupo Sprint, de telefonia de longa distância, ficaria com 25%.



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