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Leilão encerra
ciclo para o Real
da Sucursal de Brasília
Pela primeira vez desde o lançamento do Plano Real (em julho de
1994), o programa de privatizações do governo federal está dando sinais de esgotamento.
Para 1999, a estimativa de arrecadação com a venda das estatais é
de US$ 22 bilhões. Nesse caso, um
valor 12% menor que os US$ 25
bilhões esperados inicialmente para 1998 -e revisto para R$ 36 bilhões ontem após a venda.
Trabalham com esses números o
Conselho Nacional de Desestatização e o BNDES, gestor das privatizações feitas pelo governo.
Os recursos obtidos com a venda
de estatais são indispensáveis para
a estabilização do Plano Real, pois
são usados para abater a dívida do
Tesouro -o que reduz os gastos
com juros dessa mesma dívida.
No governo, ninguém arrisca
uma previsão sobre o fôlego do
programa de privatizações. Ou seja: é impossível saber até quando a
equipe econômica poderá contar
com a venda de estatais para combater o déficit público.
No ano que vem, a principal privatização federal será a de Furnas,
uma das subsidiárias da Eletrobrás. Para este ano, também será
importante a venda da Gerasul
-empresa geradora da Eletrobrás
na Região Sul.
Para o ministro do Planejamento e coordenador das privatizações
federais, Paulo Paiva, o equacionamento do déficit fiscal não é
uma consequência apenas das privatizações.
"Estamos apostando nas reformas administrativa, previdenciária e tributária" disse.
O ex-ministro da Fazenda (governo Sarney) e atual presidente
do Conselho de Reforma do Estado, Mailson da Nóbrega, tem uma
avaliação diferente.
"O governo está em uma corrida contra o tempo. O programa de
privatizações é apenas um sopro
de ar que ele tem para respirar."
Para Mailson, a opção às privatizações no combate ao déficit público são as reformas constitucionais que ainda estão pendentes no
Congresso.
"As privatizações permitem que
o mercado conceda ao governo o
benefício da dúvida: os investimentos são mantidos enquanto as
reformas não acontecem. Mas os
investidores perceberão o fim dessa janela, e o governo vai enfrentar
um problema fatal para a estabilização", afirma o ex-ministro.
Responsável pelo CND durante
sua gestão como ministro do Planejamento (entre junho de 1996 e
abril deste ano), o deputado federal Antonio Kandir (PSDB-SP) diz
que a queda da dívida não é a principal razão das privatizações.
"A questão da dívida pública é
um aspecto importante, mas não é
o que move o programa de privatização", disse.
Para ele, o Plano Real ganha
quando as privatizações tornam a
produção doméstica mais competitiva e permitem que sejam realizados investimentos em setores
nos quais o Estado não tinha mais
condições de atuar.
Como exemplo, ele cita o volume de investimentos na indústria
de base (extração e processamento
de minérios, assim como a produção de energia elétrica), que foi
quase integralmente privatizada.
"Nos anos 70, os investimentos
anuais nesse setor totalizaram cerca de US$ 10 bilhões. Em 96, esse
número cresceu para US$ 15 bilhões, chegando a R$ 20 bilhões
em 97. E tudo indica que o setor
investirá US$ 25 bilhões este
ano."
(FERNANDO GODINHO)
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