São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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SUCESSÃO
Diretrizes prevêem soluções para problemas do dia-a-dia, como filas do INSS
Campanha de FHC aposta em promessas para o "cotidiano'

da Sucursal de Brasília

As diretrizes do candidato Fernando Henrique Cardoso para um segundo mandato presidencial, se eleito, prevêem investimentos na melhoria da qualidade dos serviços sociais básicos de responsabilidade pública.
A estratégia é fazer uma série de promessas no que os coordenadores da campanha estão chamando de "políticas do cotidiano".
Em síntese, criar programas para tentar solucionar problemas do dia-a-dia -as filas do INSS e os pacientes em macas nos corredores dos hospitais, por exemplo.
O documento das diretrizes já está no quarto esboço -15 a 20 páginas contendo entre 18 e 20 diretrizes. A previsão é que a versão final seja fechada na próxima semana.
Ensino médio
Na área de educação, a ênfase do programa de governo de FHC será no ensino médio. A intenção é ampliar o número de estudantes matriculados no 2º grau e nas escolas técnicas.
O governo não pretende aumentar as verbas para a educação. Para melhorar a qualidade do ensino médio e arcar com a contratação e treinamento de professores e ampliação da quantidade de salas de aula, o governo irá propor diretrizes para que o dinheiro público seja gasto de maneira mais eficaz.
A avaliação é que a maneira como o dinheiro público vem sendo gasto no Brasil tem pouco impacto distributivo, ou seja, gasta-se menos com quem precisa mais. A idéia é inverter esse processo.
Prontos-socorros
No âmbito da saúde, uma das propostas é investir em melhorias nos setores de emergência dos prontos-socorros, reequipando-os e fazendo treinamento de pessoal.
Uma das idéias em estudo para prometer o fim das filas no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), por exemplo, é propor um investimento maciço em informática nos postos de atendimento e acabar com aquela imagem de funcionários se atropelando dentro de uma repartição e manuseando milhares de papéis e protocolos.
Na avaliação dos coordenadores da campanha, o governo FHC vai bem no "macro" (o real e a estabilização da economia, as privatizações, reforma do Estado, imagem externa), mas precisa apresentar resultados no "micro", isto é, dar soluções concretas a problemas que infernizam a vida diária da população.
Com soluções concretas para esse dia-a-dia, FHC espera reverter a imagem de candidato pouco preocupado com o social.
As pesquisas encomendadas pelo comitê de campanha do presidente mostram que o sentimento de desproteção de algumas camadas sociais compromete o desempenho do candidato.
No caso do desemprego, em um eventual segundo governo, FHC pretende investir em cinema e em turismo.
A área de turismo é olhada com especial atenção, por se tratar de um setor empreendedor de mão-de-obra. A proposta é criar, até o final do próximo ano, 1,7 milhão de novos postos de turismo somente no Nordeste.
A ênfase no cinema tem, além da conotação cultural, a intenção de gerar empregos.
Segundo dados do governo, em 1985 a indústria cinematográfica do Estados Unidos gerou 250 mil empregos.
A meta de Fernando Henrique é ampliar, até o ano 2000, de 5% (1997) para 20% a participação do cinema brasileiro na bilheteria.
(VANESSA HAIGH, RENATA GIRALDI e LUIZA DAMÉ)


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