São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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SUCESSÃO
Eliseu Padilha completa 339 mil km de viagens pelo país
Ministro "itinerante' exige relação pacífica de aliados

LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília

O ministro Eliseu Padilha (Transportes) antecipa nas viagens aos Estados a estratégia de campanha do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele libera verbas, mas exige "convivência civilizada" entre os aliados que disputam os governos estaduais.
Hoje integrante do comando de campanha do presidente, o ministro do PMDB completou nesta semana 339 mil quilômetros de viagens pelo país -o equivalente a uma viagem à Lua.
Ele assinou convênios, visitou obras, fez inaugurações, deu palestras e foi a reuniões em 23 Estados. Divulga sempre as realizações do ministério e do governo FHC.
O ministro está aproveitando o espaço espontâneo nos veículos de comunicação locais, já que o governo não pode fazer propaganda oficial de suas obras. O seu maior desafio é não transpor o limite entre a atividade administrativa e a campanha política.
A Folha acompanhou na semana passada a viagem ao Amazonas e Roraima, onde Padilha vistoriou obras na BR-174 e na BR-319 e participou de reunião com candidatos do PMDB.
Na visita a Roraima, ele procurou distinguir a atividade de ministro com a de líder do PMDB. Visitou uma ponte na BR-174, ao lado do governador Neudo de Campos (PPB), que tenta a reeleição, e da senadora Marluce Pinto (PMDB), candidata ao governo.
Depois, assinou um convênio no valor de R$ 1 milhão com o prefeito Otomar Pinto (PTB), marido de Marluce, na Prefeitura de Boa Vista. Estava marcada para o mesmo local uma reunião do ministro com candidatos do PMDB.
Otomar avisou: "Os candidatos na outra sala. Senão, eu tenho de pagar Ufir (ele se referia à multa que pode ser imposta pela Justiça Eleitoral pelo uso de prédio público em campanha eleitoral)".
Os candidatos a deputado foram para a sala ao lado, mas Marluce participou da solenidade. Após a assinatura do convênio, o ministro, a senadora e o prefeito também foram para a sala ao lado e realizaram uma reunião a portas fechadas. "Depois do expediente, eu sou deputado", disse Padilha.
Na chegada do ministro a Boa Vista, Marluce esperou o ministro ao lado do governador, mas não estendeu a mão para cumprimentar o seu adversário. Na prefeitura, Otomar deu uma estocada no governador: "Ministro, a estrada que o senhor visitou não é do atual governo. Fui eu que fiz".
Às margens da BR-174, Padilha avisou: "O presidente tem dito: nos Estados onde a disputa é dentro da base, o governo tem isenção. Para nós, a vitória de qualquer um é indiferente". A ex-prefeita Tereza Jucá (PSDB) também disputa o governo.
Os aliados de FHC tiveram uma convivência mais cordial no Amazonas, onde FHC tem palanque único: o de Amazonino Mendes (PFL), que tenta a reeleição.
Amazonino e o deputado Arthur Virgilio Neto (PSDB), tradicionais adversários, almoçaram com o ministro na casa do ex-governador Gilberto Mestrinho (PMDB), candidato ao Senado.
Na vistoria da BR-319, Padilha disse que os recursos para a obra (R$ 20 milhões só neste ano) foram conseguidos pelos três aliados do governo. Amazonino reconheceu o trabalho de Virgílio, mas com meias palavras. "Todos ajudaram, até deputado de oposição a mim, que o ministro fez referência. Isso é decente. Quem ganha é o povo. Não somos parceiros, mas temos uma relação civilizada."



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