São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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NO AR
Diversidade

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Elogiado pelos US$ 22 bilhões, o ministro das Comunicações declarou à TV que o valor importou menos do que a "diversidade" dos grupos compradores.
Afinal, as Organizações Globo não concentraram nem a Telesp nem a Embratel -como temia e já acusava, entre outras, a Band de Paulo Henrique Amorim.
Por outro lado, a mesma Band registrou ontem que os grandes vencedores foram a MCI americana, a Telefónica espanhola e a Portugal Telecom. Três grupos irmãos, nada "diversos".

Foi muito dinheiro, "a lot of cash", no dizer da CNN. Mas vai tudo para FHC pagar a dívida pública, como avisou a própria CNN.
As emissoras brasileiras também avisaram. Tão logo terminou o leilão.

Manchetes do Jornal Nacional, com imagens:
- Dentro da Bolsa, bilhões de reais.
- Fora da Bolsa, centenas de manifestantes.
Manchetes de Paulo Henrique Amorim:
- O leilão da Telebrás sai como o governo queria.
- Do lado de fora, feridos no conflito com a polícia.
Manchetes de Boris Casoy:
- O Palácio do Planalto comemora o sucesso da venda da Telebrás.
- O protesto da oposição acaba em choque com a Polícia Militar.
Para FHC, o sucesso. Para Lula, o choque.

O que se viu o dia todo, na TV, foram "manifestantes" com morteiros, jogando pedras, botando fogo.
Na Globo, na Band, Record, até na CNN, foram manifestantes de rosto coberto e bandeiras vermelhas.
Em contraste, "dentro da Bolsa", os corretores sorriam mais e mais a cada venda, contagiando os locutores, analistas, entrevistados -e os telespectadores.
Foi um massacre para a "oposição". Lula, José Dirceu, Leonel Brizola sumiram da tela. Desta vez, ao que parece, agiram como que por instinto de sobrevivência.


E-mail: nelsonsa@uol.com.br



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