São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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PAINEL

Joga o abacaxi...

O Planalto fechou no escuro o acordo com os caminhoneiros. Havia dúvida se Nélio Botelho, o principal líder do movimento, falava em nome de toda a categoria. Mas, sem alternativa, preferiu arriscar a correr o risco do desgaste de uma paralisação prolongada. O negócio é evitar problema, não resolvê-los.

...para a frente

Em dúvida sobre a extensão da liderança de Nélio Botelho, o Planalto fechou o acordo com os caminhoneiros apostando na divisão do movimento. Se uma parcela tirar os seus caminhões da estrada, fica mais fácil justificar a repressão aos que decidirem continuar em greve.


Pela milionésima vez

FHC empurrou a greve dos caminhoneiros com a barriga. O acordo joga para uma comissão de trabalho (ou seja, enrola) a análise da maioria das principais reivindicações. E ainda promete o privilégio de apresentar um projeto ao Congresso tratando de modo diferenciado as infrações dos caminhoneiros e as dos demais motoristas.

Grande ministério

Eliseu Padilha (Transportes) sai mal da greve dos caminhoneiros perante o Planalto. Os grevistas não lhe deram bola. Francisco Dornelles (Trabalho) é outro que apareceu depois de três dias de paralisação.

Bola fora

Há seis meses, Clésio Andrade (Confederação Nacional dos Transportes) e um representante das concessionárias de rodovias federais pediram audiência a Eliseu Padilha (Transportes) para tentar acordo sobre a redução do valor do pedágio. Segundo Andrade, o ministro nem sequer os atendeu.

Exemplo de estadista

Fechado o acordo com os caminhoneiros, Eliseu Padilha saiu de rádio em rádio, de televisão em televisão, para faturar o fim da greve. Antes que algum outro integrante do governo tivesse idéia parecida.

Quem tem força

Personagem mais influente na reforma do ministério, Malan não esteve na reunião do Planalto para tratar da greve dos caminhoneiros, mas foi fundamental na articulação. O ministro da Fazenda determinou até onde o governo cederia.

Ufa, saiu da mídia!

A greve dos caminhoneiros diminuiu a fritura de outra sumidade do governo: Ovídio de Angelis, que admitiu ao Congresso ter beneficiado seu Estado, Goiás, ao distribuir verbas da Secretaria de Políticas Regionais. O presidente, que prometia novas práticas com a reforma ministerial, confirmou o subordinado no cargo aproveitando a cortina de fumaça.

Governo moderno

Depois de queimar Ovídio de Angelis e de não fazer nada, FHC deixa os outros ministros à vontade para repetir o ato. No melhor estilo clientelista, estão liberados para beneficiar as suas bases eleitorais.

Pegaria mal

Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) falou com os governadores dos Estados mais afetados pela greve dos caminhoneiros. Covas (SP), Olívio (RS), Lerner (PR), Amin (SC) e Itamar (MG) abriram mão do envio das Forças Armadas. Consideraram dispensável.

Frieza de costume

Itamar foi o único governador que não falou diretamente com o novo secretário-geral da Presidência. Aloysio conversou com Hargreaves (Casa Civil).

Bolsa de apostas

O deputado federal Gilberto Kassab, cuja influência no PFL paulista é cada vez maior, é um dos nomes mais cotados para vice de Geraldo Alckmin (PSDB) na eleição para prefeito paulistano no ano que vem.

Tucanos paulistas

Sílvio Torres volta à Câmara, na segunda, na vaga de Franco Montoro, morto há duas semanas. E José Coimbra substitui Aloysio Nunes Ferreira.

TIROTEIO

Do brigadeiro Ivan Frota, um dos líderes dos militares de pijama que querem a saída de FHC do governo, sobre a greve dos caminhoneiros:
- Estamos num ambiente de insurreição, pena que desordenadamente. FHC perdeu o controle do país. Não tem autoridade e está perdido.

CONTRAPONTO

Leva de graça
O atual governador de Santa Catarina, Esperidião Amin, joga tênis para manter a forma. O hábito é antigo. Quando estava no Senado (90-98), Amin praticava o esporte em Brasília.
De vez em quando, a Academia de Tênis, onde políticos se hospedam, promovia campeonatos. O do ano de 1995 foi inesquecível para o governador. Um torneio de duplas reuniu vários políticos e empresários do Distrito Federal.
Sua dupla acabou vencendo o campeonato, que não tinha um nível técnico tão apurado quanto o de outros torneios que o então senador disputava. O primeiro prêmio eram dois quadros de um pintor radicado em Brasília.
Ele descobriu a razão de o campeonato ter sido uma moleza ao saber as premiações para as duplas que ficaram na segunda e terceira colocações.
Segundo lugar: quatro quadros do pintor (dois para cada jogador da dupla).
Terceiro lugar: seis quadros do pintor (três para cada um).


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