São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RENÚNCIA FISCAL
Greve em SP completa seis dias úteis
Prejuízo da Ford supera R$ 60 mi

LÉO GERCHMANN
em São Paulo

A greve dos metalúrgicos da fábrica de caminhões da Ford no bairro paulistano do Ipiranga completou ontem seis dias úteis e atingiu um prejuízo estimado em mais de R$ 60 milhões.
De acordo com a assessoria da Ford, 140 veículos entre caminhões e camionetes deixaram de ser fabricados diariamente.
A Folha apurou que o valor médio de cada veículo é R$ 80 mil. Esse valor multiplicado por seis (os seis dias de greve) resultam na soma de R$ 67,2 milhões.
A empresa não fornece os valores oficialmente, limitando-se a divulgar o número de veículos que deixou de produzir.
Até a conclusão desta edição, os metalúrgicos e a diretoria da Ford estavam reunidos. O encontro, que estava marcado para as 17h, começou às 17h30.
Antes de a reunião começar, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (ligado à Força Sindical), Paulo Pereira da Silva, disse que, se a Ford não aceitasse dar garantias de emprego, a entidade entraria hoje com dissídio coletivo.
"Se a Ford recorrer, o que vai acontecer, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) vai julgar. Aí, os caras (os juízes) estão mordidos com o Antonio Carlos Magalhães", disse, referindo-se à CPI proposta pelo senador baiano.
"No momento em que eles (os juízes) avaliarem se a greve é ou não é legal, o mérito também vai ser julgado e eu tenho convicção de que o Judiciário pode determinar que a Ford mantenha os postos de trabalho", disse.
Ontem à tarde, em Brasília, o ministro do Desenvolvimento, Clóvis Carvalho, divulgou trechos da medida provisória que prevê a instalação da montadora da Ford na Bahia citando a manutenção de unidades quando a empresa instalar alguma fábrica no Nordeste. Não deve haver, porém, a adoção de uma "cláusula social" garantindo os empregos atuais.
O presidente do sindicato afirmou que o acampamento montado por grevistas na frente do prédio da Receita Federal (Ministério da Fazenda), no centro de São Paulo, deverá ser encerrado hoje.
A estratégia dos metalúrgicos deve ser agora pressionar a Ford e não mais o governo federal.


Texto Anterior: Covas "distorce fatos", diz Borges
Próximo Texto: Janio de Freitas: Ajustes para desajustar
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.