FLÁVIA DE LEON
da Sucursal de Brasília

O governador da Bahia, César Borges (PFL), acusou o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), de estar "distorcendo fatos" quando vincula a instalação da Ford na Bahia ao fechamento da unidade no bairro Ipiranga. Segundo sua assessoria, Covas não quis comentar as declarações.

Folha - O governador Mário Covas, a Força Sindical e a CUT querem que a nova MP tenha as chamadas "cláusulas sociais" ...
César Borges - A fábrica da Bahia não tem absolutamente nada a ver com emprego em São Paulo ou com a Ford no bairro Ipiranga. São questões que têm de ser tratadas de forma distinta. A não ser quem queira se aproveitar do momento e talvez até distorcer os fatos em benefício próprio.

Folha - Quem seria?
Borges - Quem mistura os assuntos. Prefiro não dar nomes.

Folha - E como o sr. divide os assuntos?
Borges - Primeiro a Ford ia para o Rio Grande do Sul com incentivos fiscais. Aí foi divulgado que o governador Olívio Dutra (PT) não estaria cumprindo os acordos. Foi uma oportunidade que a Bahia usou. E, quando a Ford resolve deslocar o projeto para a Bahia, começam a aparecer todas essas dificuldades, numa campanha extremamente odiosa, inédita.

Folha - Os críticos dizem que a Bahia terá mais incentivos.
Borges - Das renúncias fiscais previstas para este ano, 60% estão no Sudeste e Sul. E apenas 11% estão no Nordeste.

Folha - O sr. falou em campanha odiosa. A quem atribui isso?
Borges - Preconceito e provincianismo. Alguns, infelizmente localizados em alguns Estados, mais particularmente em São Paulo, querem o Nordeste apenas como consumidor dos produtos fabricados em São Paulo e direcionado para o turismo e para a agricultura irrigada. Coisa que nós, nordestinos, não aceitamos.

Folha - O sr. não citou nomes, mas o governador Covas é um dos críticos da nova MP.
Borges - Poderia dizer até que é justo lutar para manter o emprego no seu Estado. O que não pode é lutar distorcendo fatos, verdades. A reação do governador Covas talvez ele explique. Nós podemos fazer ilações. Uma delas é a questão da popularidade. Nas últimas pesquisas, ele estava na rabada. Um dos últimos. Pode ser que seja isso. Eu pessoalmente esperava uma posição de estadista.


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