São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BANCOS
Novo presidente do BB toma posse e diz que maior interessado na negociação é o prefeito Celso Pitta
Zaghen crê em acordo para dívida de SP

da Sucursal de Brasília

O novo presidente do Banco do Brasil, Paolo Zaghen, disse ontem que os títulos de São Paulo poderão ser usados no pagamento de tributos municipais, caso o prefeito Celso Pitta se recuse a assinar o contrato de refinanciamento do débito com a União.
Zaghen disse que as letras municipais têm o chamado "poder liberatório", que permite seu uso no pagamento de tributos pelo próprio BB ou por terceiros, no caso de os papéis serem leiloados no mercado financeiro.
O presidente do BB, que tomou posse ontem, disse que recebeu sinais muito claros de que Pitta irá assinar brevemente o contrato de refinanciamento. "A prefeitura é a maior interessada na assinatura do contrato", disse.
"Não posso ter certeza de que o prefeito vai assinar o acordo, porque certeza só ele pode ter. Mas tenho uma grande convicção de que o acordo vai sair", disse.
O BB financia e carrega R$ 6 bilhões em títulos do município em sua carteira, dos quais R$ 1,7 bilhão venceu em junho passado.
Zaghen disse que, se os papéis fossem destinados ao pagamento de tributos, o município perderia parte significativa de sua receita própria. "Ninguém vai querer uma coisa dessas", disse.
O presidente do BB afirmou que a disposição de Pitta em assinar o acordo ficou expressa em um telefonema ontem do prefeito de São Paulo ao secretário do Tesouro Nacional, Fábio Barbosa. Zaghen não detalhou o conteúdo desse telefonema.
Segundo o presidente do BB, a instituição recebeu sinal verde do Banco Central para considerar os títulos vencidos de São Paulo como operações normais enquanto prosseguirem as negociações.
Uma eventual renegociação da dívida de São Paulo também beneficiaria o Banespa, que carrega R$ 2,814 bilhões em letras do municípios, parte vencida em março.
O presidente do Banespa, Eduardo Guimarães, disse ontem que esse é um dos pontos que estão pendentes para a divulgação do edital de privatização do banco paulista. "Esperamos publicar o edital nas próximas semanas", afirmou.

Privatização
O novo presidente do BB descartou a privatização da instituição no curto e médio prazo. "Hoje não há nenhuma condição", disse Zaghen. No último dia 20, pouco depois de ter confirmada a sua indicação, ele afirmou que o banco poderia ser vendido.
Ontem, Zaghen disse que o BB tem atribuições importantes, como financiamentos rurais e de exportação, que não podem ser repassadas para o setor privado.
Ele não descartou, entretanto, a transferência das atribuições ao setor privado no futuro, sem esclarecer quando isso seria possível. "Seria exercício de futurologia", afirmou.
Antes de assumir o BB, Zaghen vinha, desde 1996, ocupando o cargo de diretor do Banco Central para assuntos ligados a bancos estaduais. Na prática, ele conduzia o processo de privatização dessas instituições.
Zaghen é amigo do ministro da Fazenda, Pedro Malan. O ex-presidente do BC Gustavo Franco, contemporâneo de Zaghen na instituição, foi um dos presentes à posse.


Texto Anterior: Comunidade Solidária: Ataque à miséria exige mais do que verbas, diz novo secretário
Próximo Texto: Banespa diz não ter problema com bug
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.