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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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É preciso debater papel dos bancos, diz Dirceu

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Os bancos foram o alvo das críticas de José Dirceu em encontro que o ministro-chefe da Casa Civil teve ontem com empresários, em Curitiba. Ao fazer uma análise das condições e dos compromissos que permitiram a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e os primeiros meses do governo petista, Dirceu deu a entender que o sistema bancário brasileiro está à margem da discussão das reformas e do esforço de fazer o país voltar a crescer.
"O sistema bancário brasileiro também tem de entrar na agenda de debates do país", afirmou.
Segundo ele, nos últimos anos, os brasileiros deram ao sistema bancário "tudo o que ele pediu ao país, até porque havia consciência de que o país precisava de um sistema moderno e eficiente", mas que a sociedade pergunta agora "quando os juros reais vão chegar a 8%, ou se vamos continuar vivendo essa situação surrealista, em que o sistema bancário não financia a produção e o consumo, vivendo apenas da tesouraria".
O ministro se referia à expectativa de juros reais de 8%, incluída na proposta do Orçamento 2004.
Ele afirmou que o governo vai perseguir no futuro um superávit primário "de 2% ou 1,5%, talvez".
Para o ministro, "os bancos podem dizer, com razão, que é o governo o grande tomador de crédito e quem estabelece a taxa de juros", mas tratou de justificar a política econômica, dizendo considerar "um escândalo" a dívida interna de R$ 700 bilhões que o PT herdou de Fernando Henrique Cardoso. "Os R$ 700 bilhões custam R$ 84 bilhões [de juros], um escândalo porque significa que quase um terço da arrecadação do país tem de ser destinada ao pagamento de juros."
Dirceu disse que o governo está conseguindo fazer a transição dessa situação reduzindo os custos, alongando e "desdolarizando" a dívida. Ao afirmar que os bancos tiveram "tudo o que pediram", Dirceu relacionou, entre outros medidas, a abertura para o capital estrangeiro, as fusões , a liberação de tarifas, programas de socorro polêmicos, como o Proer, e mais recentemente, a mudança da Lei de Falências, e a queda dos juros. (MARI TORTATO)


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