|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
É preciso debater papel dos bancos, diz Dirceu
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Os bancos foram o alvo das críticas de José Dirceu em encontro
que o ministro-chefe da Casa Civil
teve ontem com empresários, em
Curitiba. Ao fazer uma análise das
condições e dos compromissos
que permitiram a eleição de Luiz
Inácio Lula da Silva e os primeiros
meses do governo petista, Dirceu
deu a entender que o sistema bancário brasileiro está à margem da
discussão das reformas e do esforço de fazer o país voltar a crescer.
"O sistema bancário brasileiro
também tem de entrar na agenda
de debates do país", afirmou.
Segundo ele, nos últimos anos,
os brasileiros deram ao sistema
bancário "tudo o que ele pediu ao
país, até porque havia consciência
de que o país precisava de um sistema moderno e eficiente", mas
que a sociedade pergunta agora
"quando os juros reais vão chegar
a 8%, ou se vamos continuar vivendo essa situação surrealista,
em que o sistema bancário não financia a produção e o consumo,
vivendo apenas da tesouraria".
O ministro se referia à expectativa de juros reais de 8%, incluída
na proposta do Orçamento 2004.
Ele afirmou que o governo vai
perseguir no futuro um superávit
primário "de 2% ou 1,5%, talvez".
Para o ministro, "os bancos podem dizer, com razão, que é o governo o grande tomador de crédito e quem estabelece a taxa de juros", mas tratou de justificar a política econômica, dizendo considerar "um escândalo" a dívida interna de R$ 700 bilhões que o PT
herdou de Fernando Henrique
Cardoso. "Os R$ 700 bilhões custam R$ 84 bilhões [de juros], um
escândalo porque significa que
quase um terço da arrecadação do
país tem de ser destinada ao pagamento de juros."
Dirceu disse que o governo está
conseguindo fazer a transição
dessa situação reduzindo os custos, alongando e "desdolarizando" a dívida. Ao afirmar que os
bancos tiveram "tudo o que pediram", Dirceu relacionou, entre
outros medidas, a abertura para o
capital estrangeiro, as fusões , a liberação de tarifas, programas de
socorro polêmicos, como o Proer,
e mais recentemente, a mudança
da Lei de Falências, e a queda dos
juros.
(MARI TORTATO)
Texto Anterior: Reajuste linear de servidor não passa de 3,2% Próximo Texto: Risco Nanquim Índice
|