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IMPRENSA
Pena é intimidatória, diz Fenaj
Jornalista é preso no RJ acusado de caluniar juiz
DA SUCURSAL DO RIO
O jornalista Avelino Ferreira,
51, foi preso ontem em Campos
(município a 280 km do Rio, no
norte do Estado). Há dois anos ele
havia sido condenado a dez meses
de prisão pelo crime de calúnia,
em primeira e segunda instâncias.
Sócio de "O Miracemense", jornal que circula na cidade de Miracema (300 km do Rio, no noroeste
fluminense), Ferreira escreveu,
em 1998 e 1999, artigos em que comentava sentenças do juiz Alexandre Cardoso.
O juiz considerou ter sido caluniado e, com base na Lei de Imprensa, de 1967, processou o autor dos artigos. Em 2001, a Justiça
de Miracema o condenou a dez
meses de prisão, em regime semi-aberto (o preso trabalha durante
o dia, desde que autorizado pela
Justiça, e dorme na cadeia).
Ferreira recorreu da sentença.
Ainda em 2001, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do
Rio manteve a pena de dez meses,
mas transformou o regime em
aberto (o condenado pode trabalhar já no primeiro dia do cumprimento da pena e dorme em albergue indicado pela Justiça).
O advogado do jornalista, Durval Pereira da Silva, disse à Folha
que pedirá ao juiz da Vara de Execuções Penais do Rio o arquivamento da sentença e "a extinção
da punibilidade". Ele afirmou que
a pena está prescrita.
"Estamos pedindo uma liminar
para que ele possa ser solto logo",
afirmou o advogado, acrescentando que Ferreira desconhecia a
condenação.
"Isso é normal, porque o jornal
é de Miracema e ele mora em
Campos", afirmou Pereira da Silva. As duas cidades estão separadas por 130 km.
A presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas),
Beth Costa, criticou a prisão de
Ferreira:
"Somos totalmente contrários à
prisão por crime de opinião. É
uma pena intimidatória, que cerceia a liberdade de expressão. O
país não tem nenhum preso por
crime de opinião. Isso causa um
prejuízo enorme à democracia."
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