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TRANSPORTES
Menicucci se diz vítima de agressões políticas"
Ministério nomeia empreiteiro falido para cargo no extinto DNER
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro dos Transportes,
Anderson Adauto, nomeou o empreiteiro falido Flávio Goes Menicucci para "apagar as luzes" do
extinto DNER (Departamento
Nacional de Estradas e Rodagens). O mesmo Menicucci havia
sido contratado pelo governo Fernando Henrique Cardoso para dirigir o DNER de Minas em 1997
-episódio que provocou muita
polêmica na época.
Menicucci foi nomeado na última segunda-feira como assessor
especial temporário DAS 4, com
salário de R$ 4.850.
Adauto justificou a escolha: "Ele
[Menicucci] conhece bem o
DNER e, na pesquisa que fizemos
dele, não houve nada que o desabonasse". Adauto não disse, mas
tal "pesquisa" costuma ser feita
pela Casa Civil.
Ainda na versão do ministério,
Menicucci foi indicado pelo deputado federal Saraiva Felipe
(PMDB-MG) e é "conhecido" do
ministro Adauto, do PL de Minas.
Sua função será encerrar os últimos contratos e convênios que
persistem no órgão, transformado durante o governo passado em
Dnit (Departamento Nacional de
Infra-estrutura de Transportes).
"Ele não vai mexer com obra,
nada. Será um dos três assessores
para cuidar de convênios ainda
abertos, questões de pessoal,
questionamentos do TCU que devem ser respondidos. Vai cuidar
da burocracia para apagar a luz
do que restou do DNER e está em
liquidação", disse Adauto.
Outro lado
Menicucci disse que foi indicado para o cargo por Saraiva Felipe
e pelo deputado Ivo José (PT-MG). Afirmou que nos últimos
dois anos vinha trabalhando por
conta própria, prestando assessoria e consultoria a empresas privadas "na área rodoviária".
Ele se disse vítima de agressões
políticas. "Passou a fase política,
acabaram-se os problemas", afirmou ele, acrescentando que esses
problemas foram "reportagens
negativas da Folha na época".
Em 1997, a nomeação de Menicucci para o comando do DNER
de Minas foi objeto de contestação. Ele era dono da Construtora
Nascimento Valadares, que teve
falência decretada em agosto de
1996, deixando dívidas no mercado de R$ 500 mil. Entre os credores estavam a Caixa Econômica
Federal e o Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais).
Menicucci sofria também, como pessoa física, ação de execução movida pelo Bemge na 9ª Vara Cível, por não pagar um empréstimo de cerca de R$ 60 mil.
As duas nomeações para o
DNER enfrentam reações negativas também por outro motivo: ele
é filho do empreiteiro Roberto
Menicucci, ex-secretário de Obras
no governo Newton Cardoso em
Minas e seu caixa de campanha.
A acusação de setores da oposição, inclusive dentro do PMDB, é
a de que o governo Lula recorre
aos mesmos instrumentos do governo FHC: usa cargos como
moeda de troca, mesmo quando o
nomeado não é o técnico ideal.
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