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ELEIÇÕES
Ex-ministro cobra de Lula participação na frente de centro-esquerda
'O que Ermírio tem que eu não tenho?', questiona Ciro
BERNARDINO FURTADO
Da Reportagem Local
O ex-ministro
Ciro Gomes,
pré-candidato
do PPS a presidente da República, reagiu de
forma irônica às
críticas feitas a
ele pelo líder do PT Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista publicada
ontem na Folha.
Fazendo referência ao trecho da
entrevista em que Lula afirmou
que vai convidar o empresário Antonio Ermírio de Moraes a subir no
palanque eleitoral da oposição,
questionou: "Gostaria de saber o
que o Antonio Ermírio tem que eu
não tenho, exceto, é claro, a fortuna pessoal".
O ex-ministro, que participou
ontem em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, da filiação do deputado José Augusto Ramos, expulso recentemente do PT,
voltou a defender a tese da candidatura única de oposição a FHC e
afirmou que não sairá candidato
caso o ex-presidente Itamar Franco (PMDB) decida disputar a Presidência da República em 1998.
O presidente nacional do PPS,
senador Roberto Freire, reagiu à
tentativa de isolamento político a
que o PT está tentando submeter
os ex-comunistas. "O PPS tem
história e não aceita ser tutelado
pelo PT. Nós poderemos até participar da frente com o PT e apoiar
um candidato a presidente que
não seja o Ciro, mas isso não vai
ocorrer por imposição do PT." Segundo Freire, o PPS não vai apoiar
uma terceira candidatura de Lula a
presidente, porque quer evitar
uma reedição da eleição de 1994.
Freire disse que o comportamento do PT em relação ao PPS lembra
erros da campanha de Lula em
1989 que, na avaliação do senador,
determinaram a derrota do petista
para Fernando Collor de Mello.
"No segundo turno, o PT não quis
que o Ulysses Guimarães subisse
no palanque do Lula. O Ulysses era
um personagem comprovadamente democrata, mas o PT não o
quis no palanque e perdemos."
Segundo Freire, o PPS também
não admite ser considerado governista pelos demais partidos de esquerda. "Somos um partido de
oposição. Não entramos no bloco
de oposição no Congresso porque
não concordamos com a forma de
oposição feita por PT, PSB, PDT e
PC do B, que é de ser contra tudo e
não propor nada."
O fato de o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) ser do
PPS, segundo Freire, não autoriza
a interpretação de que o partido é
governista. "O Jungmann não foi
para o ministério por indicação do
PPS e, depois de assumir o cargo,
deixou de participar das deliberações do partido, embora seja
membro do diretório nacional."
As dificuldades do PPS com os
partidos do bloco de oposição
contrastaram com o perfil dos
convidados para a festa de filiação
de José Augusto Ramos: a ex-prefeita paulistana Luiza Erundina,
que recentemente trocou o PT pelo
PSB, o deputado petista Eduardo
Jorge, e membros do PDT e PSDB
do ABC paulista. Erundina discursou defendendo a unidade das
oposições.
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