São Paulo, terça, 30 de setembro de 1997.



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ELEIÇÕES
Ex-ministro cobra de Lula participação na frente de centro-esquerda
'O que Ermírio tem que eu não tenho?', questiona Ciro

BERNARDINO FURTADO
Da Reportagem Local

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PPS a presidente da República, reagiu de forma irônica às críticas feitas a ele pelo líder do PT Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista publicada ontem na Folha.
Fazendo referência ao trecho da entrevista em que Lula afirmou que vai convidar o empresário Antonio Ermírio de Moraes a subir no palanque eleitoral da oposição, questionou: "Gostaria de saber o que o Antonio Ermírio tem que eu não tenho, exceto, é claro, a fortuna pessoal".
O ex-ministro, que participou ontem em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, da filiação do deputado José Augusto Ramos, expulso recentemente do PT, voltou a defender a tese da candidatura única de oposição a FHC e afirmou que não sairá candidato caso o ex-presidente Itamar Franco (PMDB) decida disputar a Presidência da República em 1998.
O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire, reagiu à tentativa de isolamento político a que o PT está tentando submeter os ex-comunistas. "O PPS tem história e não aceita ser tutelado pelo PT. Nós poderemos até participar da frente com o PT e apoiar um candidato a presidente que não seja o Ciro, mas isso não vai ocorrer por imposição do PT." Segundo Freire, o PPS não vai apoiar uma terceira candidatura de Lula a presidente, porque quer evitar uma reedição da eleição de 1994.
Freire disse que o comportamento do PT em relação ao PPS lembra erros da campanha de Lula em 1989 que, na avaliação do senador, determinaram a derrota do petista para Fernando Collor de Mello. "No segundo turno, o PT não quis que o Ulysses Guimarães subisse no palanque do Lula. O Ulysses era um personagem comprovadamente democrata, mas o PT não o quis no palanque e perdemos."
Segundo Freire, o PPS também não admite ser considerado governista pelos demais partidos de esquerda. "Somos um partido de oposição. Não entramos no bloco de oposição no Congresso porque não concordamos com a forma de oposição feita por PT, PSB, PDT e PC do B, que é de ser contra tudo e não propor nada."
O fato de o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) ser do PPS, segundo Freire, não autoriza a interpretação de que o partido é governista. "O Jungmann não foi para o ministério por indicação do PPS e, depois de assumir o cargo, deixou de participar das deliberações do partido, embora seja membro do diretório nacional."
As dificuldades do PPS com os partidos do bloco de oposição contrastaram com o perfil dos convidados para a festa de filiação de José Augusto Ramos: a ex-prefeita paulistana Luiza Erundina, que recentemente trocou o PT pelo PSB, o deputado petista Eduardo Jorge, e membros do PDT e PSDB do ABC paulista. Erundina discursou defendendo a unidade das oposições.



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