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PÚBLICO & PRIVADO
Das 39 administrações do partido no Estado,
em 17 há o vínculo
Prefeituras do PT contratam
empresas de petistas em SP
CHICO DE GOIS
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 44% das prefeituras
administradas pelo PT no Estado
de São Paulo contrataram empresas de pessoas ligadas ao partido.
Em todos os casos, pelo menos
um dos donos trabalhou na administração pública e depois abriu
sua empresa privada.
O PT administra hoje 39 cidades
em São Paulo. Dessas, a Folha localizou contratos com empresas
ligadas a petistas em 17 casos.
Também há negócios em pelo
menos mais seis cidades que foram administradas pelo PT ou estão localizadas em outros Estados, além do Distrito Federal.
Os serviços variam de propaganda e consultoria a coleta de lixo. Há locais em que o Ministério
Público ou CPIs investigam suposto favorecimento. Em outros,
o TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) apontou irregularidades na contratação.
A maioria das empresas argumenta que não trabalha apenas
para administrações petistas. As
prefeituras afirmam que as contratações obedeceram todos os
trâmites legais e que não houve
beneficiamento. Além disso, dizem que os trabalhos foram contratados em vista do menor preço.
Consultoria
A maior especialidade das empresas é no ramo de consultoria.
A Peruzza & Caporucci, cujos sócios são Marco Antônio Peruzza e
Moacir Caporucci, ajuda as prefeituras de Bebedouro e de Pitangueiras a se enquadrarem na Lei
de Responsabilidade Fiscal.
Peruzza foi secretário de Governo de Jaboticabal até o início deste
mês, quando se desligou para trabalhar na campanha de candidatos a deputado do partido na região. Caporucci é militante do PT
de Guariba.
Na área de publicidade, a PG
Comunicação, que tem como diretor Eduardo Godoy, ex-coordenador de Comunicação do governo do Mato Grosso do Sul no início do mandato do governador
José Orcírio Miranda dos Santos,
o Zeca do PT, trabalha para as
prefeituras petistas de São Paulo,
Guarulhos, Campinas e Mauá, e já
prestou serviços para Catanduva
e Ribeirão Pires.
A empresa pertence a Patrícia
Bérgamo, mulher de Eduardo
Godoy. Ele trabalhou nas campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à
Presidência em 1998 e de Marta
Suplicy ao governo do Estado de
São Paulo, no mesmo ano.
Criada em 1996, com um capital
social de R$ 50 mil, a PG aumentou em 14 vezes esse valor e hoje
possui um capital de R$ 700 mil.
Em 2001, a PG integrou um consórcio com a Makplan e a Agnelo
Pacheco e ganhou um contrato na
Prefeitura de São Paulo no valor
de R$ 20 milhões, por um ano. O
TCE considerou irregular o contrato firmado entre a PG e a Prefeitura de Mauá.
Outra que atua na área de publicidade é a Impacto Consultoria e
Marketing. A empresa foi fundada em novembro de 2000 por Sebastião de Deus Moreira e Luiz
Gonzaga Bussola.
Moreira foi secretário de Governo de Matão na gestão de Adauto
Scardoelli (1997-2000) e Bussola
foi superintendente da Caema
(Companhia de Água e Esgoto de
Matão) no mesmo período.
A Impacto trabalhou para as administrações municipais petistas
de Araraquara, Pitangueiras, Dobrada e Rincão.
Limpeza urbana
O serviço de limpeza urbana
também tem empresas de petistas
no mercado.
A Engelix tem como principal
sócio Nelson Frateschi, ex-administrador regional da Lapa durante a gestão de Luiza Erundina
(1989-92) e irmão do presidente
do diretório estadual do PT, Paulo
Frateschi.
A Engelix foi fundada em 1993,
logo depois que Nelson saiu da
prefeitura. Desde então, já prestou serviços para o Distrito Federal, na época do ex-governador
Cristovam Buarque, e para as prefeituras de Franca, Catanduva,
Franco da Rocha, Angra dos Reis
(RJ), Belém (PA) e Itabuna (BA).
A Engelix atua principalmente
na parte técnica, enquanto a
Construrban, de Ubiratan Sebastião de Carvalho, ex-administrador regional de Santo Amaro
também na gestão Erundina, trabalha na coleta.
A Construrban já trabalhou para São Paulo, Franca e Betim
(MG). Uma CPI instalada na Câmara Municipal de Franca, no
ano passado, questionou um suposto favorecimento da empresa.
Palocci
Ex-secretário de Governo de Ribeirão Preto durante a primeira
gestão de Antônio Palocci (1993-96), Rogério Buratti criou a Assessorarte em 1994, logo depois que
deixou a prefeitura.
Ele era considerado o homem
forte da administração Palocci e
foi exonerado pelo prefeito em
outubro daquele ano, depois de
suspeitas de distribuição prévia
de obras públicas da cidade.
A Assessorarte trabalha principalmente na preparação de concursos públicos. Pelo menos sete
prefeituras do PT já contrataram
seus serviços: Franca, Araraquara, Batatais, São Simão, Rincão,
Sales Oliveira e Matão (na administração anterior).
O outro sócio da Assessorarte é
Luiz Prado, ex-superintendente
do IPM (Instituto de Previdência
dos Municipiários) no primeiro
governo de Palocci e ex-secretário
de Administração de Jaboticabal
na gestão do petista José Giácomo
Baccarin, que concorre a suplente
de senador na chapa de Aloizio
Mercadante (PT).
Para a preparação de editais, algumas prefeituras petistas contrataram a Rodvias Engenharia
Municipal, de Ricardo Pereira dos
Santos, ex-secretário de Obras de
Santos durante a administração
de Davi Capistrano (1993-96).
A Rodvias trabalhou para as
prefeituras de Santo André, Mauá
e Belém (PA). O Ministério Público de São Paulo investiga um suposto favorecimento à empresa.
Em Santo André, o ex-secretário de Serviços Municipais, Klinger Luiz de Oliveira Souza, que
trabalhou com Ricardo em Santos, contratou a empresa para
prestar serviços na cidade. No total, a Prefeitura de Santo André
manteve R$ 6,8 milhões em contratos com a Rodvias.
Em 2001, a Prefeitura de Bebedouro contratou a Gushiken e Associados, do ex-deputado federal
e ex-coordenador da campanha
de Lula, Luiz Gushiken. A empresa, que tem contrato com a prefeitura, faz um trabalho de cálculo
atuarial para a criação do Instituto de Previdência Municipal.
Colaborou EVANDRO SPINELLI, da Folha Ribeirão
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