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RETA FINAL
Com Mônica Serra e Rita, primeira-dama diz que tese de que Estado é único motor do bem-estar caiu com muro de Berlim
Ruth ataca "estatismo antiquado" da oposição
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na véspera da primeira participação do presidente Fernando
Henrique Cardoso em um ato de
campanha de José Serra (PSDB), a
primeira-dama, Ruth Cardoso,-
criticou ontem os candidatos de
oposição e fez um chamado à militância para levar o tucano ao segundo turno.
Falando a cerca de 250 pessoas
em um evento com representantes de organizações não-governamentais, Ruth atacou o "estatismo antiquado" de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS).
"Tive informações sobre os programas de governo dos candidatos, e o único que tem compromisso com a capacidade de interlocução do Estado com a sociedade civil é evidentemente o Serra.
Os outros defendem um estatismo antiquado", disse, tomando o
cuidado de não citar nominalmente nenhum dos adversários.
A seu lado, estavam a candidata
a vice na chapa, Rita Camata e
Mônica Serra, mulher do presidenciável -que era aguardado,
mas não compareceu. Serra participa hoje de ato de campanha
com FHC em Minas Gerais.
A primeira-dama é politica e
ideologicamente próxima de Serra. Chegou inclusive a fazer sugestões a seu programa de governo.
Segundo Ruth, "a visão de que o
Estado é o único responsável pelo
bem-estar da população caiu com
o muro de Berlim". Ela citou como exemplos de parceria entre o
Estado e a sociedade o programa
que coordena, o Comunidade Solidária, e o plano do governo de
combate à Aids, uma das principais bandeiras de Serra.
"Ganhamos pelo mundo afora
prêmios na política de combate à
Aids, que foi feita junto com a sociedade civil. Só o Serra acredita
nesse conceito de democracia."
Dizendo-se confiante em que o
tucano vai para o segundo turno,
a primeira-dama foi aplaudida ao
dizer que está "lutando para que
ele [Serra] chegue ao governo".
Não deixou, no entanto, de alfinetar a condução da campanha:
"Curiosamente, [a relação de Serra com entidades da sociedade civil] tem estado ausente".
Assistencialismo
Mais tarde, em entrevista, Ruth
justificou sua fala dizendo que estava no evento como "cidadã".
Ela disse que não defende o Estado "menor, sem poder". "A condição da liberdade, da democracia, vive mal numa sociedade extremamente controlada."
Sobre o PT, disse que viu nos
programas de TV do partido
"uma idéia sempre de que o Estado controla tudo". "O Estado tem
de ter controle, mas eu defendo a
parceria." A primeira-dama fez
reparos também ao programa de
renda mínima, bandeira histórica
do PT. Na mesma frase, caracterizou o assistencialismo como uma
espécie de "mal necessário".
"Distribuir renda mínima apenas é uma relação individual, mas
não sou contra o assistencialismo.
Há populações que precisam de
assistência, mas dentro de um
contexto de desenvolvimento das
capacidades das comunidades."
Ruth se mostrou simpática à sugestão dada no evento por Rita, de
que Mônica Serra deveria dar
continuidade ao Comunidade Solidária em caso de vitória tucana.
Mas reiterou que cada primeira-dama tem um modelo diferente
de participação no governo. "Não
existe um modelito de primeira-dama." Ruth não quis responder
se aceitaria colaborar em um
eventual governo Serra.
Disse apenas que pretende continuar tocando seus projetos fora
do governo. "Meus programas, eu
vou continuar todos. São em parceria com o governo, mas não são
dependentes do Estado", disse.
Decisão do TSE
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) manteve o direito de veiculação das inserções tucanas em
que são mostradas notícias de que
o Garotinho tolerava o uso de celulares em presídios no Rio e exagera no número de casas populares que construiu no Estado.
Ambas as inserções afirmam:
"Não dá para acreditar no que o
Garotinho promete". Os advogados do candidato do PSB consideraram as inserções ofensivas e pediram a proibição da veiculação e
o direito de resposta.
O ministro Gerardo Grossi considerou que não houve prejuízo à
campanha e que é tolerado o uso
de manchetes de jornais que não
foram "desmentidas judicialmente". Sobre o uso de celulares nos
presídios, afirmou que a manchete exibida "não poderia ser tida
como uma inverdade sabida". A
inserção associa a tolerância de
celulares a assassinatos comandados por presos.
Segundo o advogado do candidato, Carlos Siqueira, Garotinho
apóia o rastreamento das ligações
para ajudar no combate ao crime.
No caso das casas, Grossi considerou que o pedido era indevido
já que o próprio candidato admitiu o "erro de tal número [de beneficiados]". Os advogados de
Garotinho já recorreram.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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