São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

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RETA FINAL

Com Mônica Serra e Rita, primeira-dama diz que tese de que Estado é único motor do bem-estar caiu com muro de Berlim

Ruth ataca "estatismo antiquado" da oposição

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera da primeira participação do presidente Fernando Henrique Cardoso em um ato de campanha de José Serra (PSDB), a primeira-dama, Ruth Cardoso,- criticou ontem os candidatos de oposição e fez um chamado à militância para levar o tucano ao segundo turno.
Falando a cerca de 250 pessoas em um evento com representantes de organizações não-governamentais, Ruth atacou o "estatismo antiquado" de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS).
"Tive informações sobre os programas de governo dos candidatos, e o único que tem compromisso com a capacidade de interlocução do Estado com a sociedade civil é evidentemente o Serra. Os outros defendem um estatismo antiquado", disse, tomando o cuidado de não citar nominalmente nenhum dos adversários.
A seu lado, estavam a candidata a vice na chapa, Rita Camata e Mônica Serra, mulher do presidenciável -que era aguardado, mas não compareceu. Serra participa hoje de ato de campanha com FHC em Minas Gerais.
A primeira-dama é politica e ideologicamente próxima de Serra. Chegou inclusive a fazer sugestões a seu programa de governo.
Segundo Ruth, "a visão de que o Estado é o único responsável pelo bem-estar da população caiu com o muro de Berlim". Ela citou como exemplos de parceria entre o Estado e a sociedade o programa que coordena, o Comunidade Solidária, e o plano do governo de combate à Aids, uma das principais bandeiras de Serra.
"Ganhamos pelo mundo afora prêmios na política de combate à Aids, que foi feita junto com a sociedade civil. Só o Serra acredita nesse conceito de democracia."
Dizendo-se confiante em que o tucano vai para o segundo turno, a primeira-dama foi aplaudida ao dizer que está "lutando para que ele [Serra] chegue ao governo".
Não deixou, no entanto, de alfinetar a condução da campanha: "Curiosamente, [a relação de Serra com entidades da sociedade civil] tem estado ausente".

Assistencialismo
Mais tarde, em entrevista, Ruth justificou sua fala dizendo que estava no evento como "cidadã". Ela disse que não defende o Estado "menor, sem poder". "A condição da liberdade, da democracia, vive mal numa sociedade extremamente controlada."
Sobre o PT, disse que viu nos programas de TV do partido "uma idéia sempre de que o Estado controla tudo". "O Estado tem de ter controle, mas eu defendo a parceria." A primeira-dama fez reparos também ao programa de renda mínima, bandeira histórica do PT. Na mesma frase, caracterizou o assistencialismo como uma espécie de "mal necessário".
"Distribuir renda mínima apenas é uma relação individual, mas não sou contra o assistencialismo. Há populações que precisam de assistência, mas dentro de um contexto de desenvolvimento das capacidades das comunidades."
Ruth se mostrou simpática à sugestão dada no evento por Rita, de que Mônica Serra deveria dar continuidade ao Comunidade Solidária em caso de vitória tucana.
Mas reiterou que cada primeira-dama tem um modelo diferente de participação no governo. "Não existe um modelito de primeira-dama." Ruth não quis responder se aceitaria colaborar em um eventual governo Serra.
Disse apenas que pretende continuar tocando seus projetos fora do governo. "Meus programas, eu vou continuar todos. São em parceria com o governo, mas não são dependentes do Estado", disse.

Decisão do TSE
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) manteve o direito de veiculação das inserções tucanas em que são mostradas notícias de que o Garotinho tolerava o uso de celulares em presídios no Rio e exagera no número de casas populares que construiu no Estado.
Ambas as inserções afirmam: "Não dá para acreditar no que o Garotinho promete". Os advogados do candidato do PSB consideraram as inserções ofensivas e pediram a proibição da veiculação e o direito de resposta.
O ministro Gerardo Grossi considerou que não houve prejuízo à campanha e que é tolerado o uso de manchetes de jornais que não foram "desmentidas judicialmente". Sobre o uso de celulares nos presídios, afirmou que a manchete exibida "não poderia ser tida como uma inverdade sabida". A inserção associa a tolerância de celulares a assassinatos comandados por presos.
Segundo o advogado do candidato, Carlos Siqueira, Garotinho apóia o rastreamento das ligações para ajudar no combate ao crime.
No caso das casas, Grossi considerou que o pedido era indevido já que o próprio candidato admitiu o "erro de tal número [de beneficiados]". Os advogados de Garotinho já recorreram.


Colaborou a Sucursal de Brasília



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