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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RUMO A 2006
Troca-troca não muda relação de forças entre bancadas na Câmara; hoje é o último dia de filiação para disputar eleições do ano que vem
Migração partidária beneficia oposição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A migração interpartidária beneficiou até agora as legendas de
oposição na Câmara, mas a crise
do "mensalão" ainda não foi suficiente para alterar de forma significativa a relação de forças entre as
bancadas, como temia o Planalto.
O prazo de troca de partidos para
a disputa das eleições do ano que
vem vence hoje, o que ainda pode
alterar o quadro.
Legendas que são normalmente
classificadas como integrantes da
base aliada -ou seja, com cargos
no governo- reuniam até ontem
349 deputados federais, ligeira
queda com relação aos 356 de um
mês atrás. São elas PT, PMDB, PL,
PP, PSB, PTB e PC do B.
É uma conta teórica: estima-se
que quase metade da bancada de
89 peemedebistas se coloque como oposição, além de dez dos 53
deputados do PP. Na prática, a
base não chega a 300 deputados.
Já os partidos de oposição
-PSDB, PFL, PPS, PDT, PSOL e
Prona- viram sua bancada conjunta crescer de 151 deputados para 164. Do restante dos deputados,
alguns são filiados a legendas sem
posicionamento claro, como PSC
e PRP, e outros estão sem partido.
Até agora, foram dois os grandes perdedores do processo: o PT
e o PL. As legendas têm dois pontos em comum: formaram o cerne
da aliança eleitoral que elegeu
Luiz Inácio Lula da Silva e estiveram entre os principais "acusados" na crise política.
O partido de Lula perdeu sete
deputados para a oposição nas últimas duas semanas, dois para o
PDT e cinco para o PSOL, sigla de
extrema esquerda formada por
ex-petistas. A debandada, que
tem relação direta com o desmoronamento da imagem ética do
PT, fez a legenda perder a primeira posição entre as bancadas pela
primeira vez desde 2003. Caiu de
90 para 83 parlamentares.
Miro Teixeira (RJ), ex-líder do
governo na Câmara e ex-ministro
das Comunicações, foi a mais recente perda, migrando para o
PDT, embora tenha assegurado
ao governo que tomou a decisão
apenas por motivos regionais.
Já o PL, cujo presidente nacional, Valdemar Costa Neto, renunciou para fugir da cassação, havia
amargado, até ontem à tarde, nove baixas, vendo sua bancada recuar para 40 deputados, abaixo
do PTB, seu algoz no escândalo.
Cinco deles permaneceram na base: um foi para o PP e quatro mudaram para o PSB.
O PP, também acusado de participar do "mensalão", perdeu cinco deputados federais, entre eles
um dos símbolos do partido, o ex-ministro Delfim Netto (SP), que
foi para o PMDB. Mas o partido
ganhou dois parlamentares, o que
minimizou o estrago. O PTB, que
teve o papel de acusador na crise,
teve ligeiro crescimento, atingindo 48 deputados. "Ainda estamos
negociando a filiação de mais três
deputados até amanhã [hoje]",
declarou Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP).
Os peemedebistas, além de Delfim, receberam outros três parlamentares, chegando a 89, a maior
bancada. "Podemos chegar a cem
deputados se dois governadores
com os quais estamos negociando
entrarem no partido", disse o líder da bancada, Wilson Santiago
(PB), em referência a Blairo Maggi (PPS-MT) e Paulo Hartung
(sem partido-ES).
Vencedores
Até agora o grande vencedor do
processo migratório foi o PSOL,
partido que triplicou a bancada
ao receber egressos do PT. O PSB,
partido que está entre aqueles que
são mais fiéis ao governo, também teve êxito. Recebeu seis deputados, engordando em quase
30% sua bancada.
Na oposição, o PFL engordou à
custa de deputados egressos da
base aliada do governo. Ganhou
três parlamentares do PL, um do
PTB e outro do PP. O partido viu a
bancada subir de 56 para 61 deputados, mas ainda está longe de
ameaçar o PT e o PMDB.
Já o PSDB ficou praticamente
estável. Aumentou sua bancada
de 53 para 54 deputados, mas filiou importantes líderes regionais, como o ex-governador de
Tocantins Siqueira Campos e o
governador de Roraima, Ottomar
Pinto.
(FÁBIO ZANINI, SILVIO NAVARRO E CHICO DE GOIS)
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