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Lula veta filiação de Meirelles ao PMDB
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vetou a filiação partidária
dos ministros Henrique Meirelles
(Banco Central) e Roberto Rodrigues (Agricultura) a partidos políticos. Alegou que vem sofrendo
duras críticas pelas negociações
partidárias e exigiu manter uma
cota de ministros que chamou da
"sociedade civil".
Meirelles estava praticamente
decidido a se filiar ao PMDB para
concorrer em Goiás, de preferência a um cargo majoritário -governo ou Senado. E Roberto Rodrigues já tinha acertado a ida para o PDT, partido muito dividido,
mas formalmente de oposição.
O presidente tem citado ainda
como "ministros da sociedade civil" Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Celso Amorim
(Relações Exteriores) e Márcio
Thomaz Bastos (Justiça).
Na conversa com Meirelles, Lula argumentou que a filiação do
presidente do BC a um partido só
traria problemas a ele próprio e ao
governo.
Além disso, o presidente criticou especificamente o possível
partido de Meirelles, o PMDB, cujo presidente, deputado Michel
Temer (SP), apoiou o candidato
da oposição à presidência da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL).
Conforme a Folha apurou, Lula
foi explícito com Meirelles, dizendo que ele "já tinha problemas demais" e disse: "Fica quieto". Referia-se às denúncias de evasão fiscal, responsáveis por um processo
contra o presidente do BC no Supremo Tribunal Federal.
Delcídio fica
Lula, que ontem estava bem-humorado por causa da vitória de
Aldo Rebelo (PC do B-SP) para a
presidência da Câmara pediu pessoalmente ao senador Delcídio
Amaral (PT-MS), relator da CPI
dos Correios, que não trocasse o
PT pelo PSDB em função das disputas internas do partido.
Delcídio, que ficou cerca de
uma hora e meia com Lula no Planalto, decidiu ficar no PT com
uma condição: que Lula se empenhasse diretamente para garantir
que ele seja o candidato do partido ao governo de Mato Grosso do
Sul em 2006. Lula se comprometeu a ligar ainda hoje para o governador do Estado, Zeca do PT,
avisando que Delcídio é o "candidato do Planalto" e chamando o
governador para uma conversa
em Brasília na próxima semana.
Delcídio está em choque com
Zeca do PT, que quer fazer candidato à sua sucessão o atual vice,
Egon Krackeke, numa aliança
branca com o PMDB.
Um outro motivo para o senador não trocar o PT pelo PSDB é
que ele tem uma boa relação com
a cúpula nacional tucana, mas
nem tanto com a local.
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