São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2005

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Lula veta filiação de Meirelles ao PMDB

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a filiação partidária dos ministros Henrique Meirelles (Banco Central) e Roberto Rodrigues (Agricultura) a partidos políticos. Alegou que vem sofrendo duras críticas pelas negociações partidárias e exigiu manter uma cota de ministros que chamou da "sociedade civil".
Meirelles estava praticamente decidido a se filiar ao PMDB para concorrer em Goiás, de preferência a um cargo majoritário -governo ou Senado. E Roberto Rodrigues já tinha acertado a ida para o PDT, partido muito dividido, mas formalmente de oposição.
O presidente tem citado ainda como "ministros da sociedade civil" Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Celso Amorim (Relações Exteriores) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Na conversa com Meirelles, Lula argumentou que a filiação do presidente do BC a um partido só traria problemas a ele próprio e ao governo.
Além disso, o presidente criticou especificamente o possível partido de Meirelles, o PMDB, cujo presidente, deputado Michel Temer (SP), apoiou o candidato da oposição à presidência da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL).
Conforme a Folha apurou, Lula foi explícito com Meirelles, dizendo que ele "já tinha problemas demais" e disse: "Fica quieto". Referia-se às denúncias de evasão fiscal, responsáveis por um processo contra o presidente do BC no Supremo Tribunal Federal.

Delcídio fica
Lula, que ontem estava bem-humorado por causa da vitória de Aldo Rebelo (PC do B-SP) para a presidência da Câmara pediu pessoalmente ao senador Delcídio Amaral (PT-MS), relator da CPI dos Correios, que não trocasse o PT pelo PSDB em função das disputas internas do partido.
Delcídio, que ficou cerca de uma hora e meia com Lula no Planalto, decidiu ficar no PT com uma condição: que Lula se empenhasse diretamente para garantir que ele seja o candidato do partido ao governo de Mato Grosso do Sul em 2006. Lula se comprometeu a ligar ainda hoje para o governador do Estado, Zeca do PT, avisando que Delcídio é o "candidato do Planalto" e chamando o governador para uma conversa em Brasília na próxima semana.
Delcídio está em choque com Zeca do PT, que quer fazer candidato à sua sucessão o atual vice, Egon Krackeke, numa aliança branca com o PMDB.
Um outro motivo para o senador não trocar o PT pelo PSDB é que ele tem uma boa relação com a cúpula nacional tucana, mas nem tanto com a local.


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