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GOVERNO
Relatório aponta que SP arrecadou R$ 3,4 mi (2,3% do total de R$ 147 mi); RS teve R$ 59,2 mi (40%)
Indesp vê indício de fraude em bingos
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
Relatório do Indesp (Instituto
Nacional de Desenvolvimento do
Desporto) aponta indícios de
fraudes e sonegação no funcionamento dos bingos em 98 e 99. Enquanto São Paulo arrecadou R$
3,4 milhões (2,3% do total de R$
147 milhões), o Rio Grande do Sul
arrecadou R$ 59,2 milhões (40%).
O presidente do Indesp, Augusto Viveiros, apresentou a sua conclusão: "Ou o Rio Grande do Sul é
um grande jogador ou é honesto.
Eu acho que São Paulo sonega.
Esse Estado tem 50% do PIB do
país e faturou menos do que o
Piauí (R$ 9,9 milhões)".
São Paulo apresentou 466 pedidos de autorização de bingos ao
Indesp e conseguiu a aprovação
de 93. Faturou só R$ 3,4 milhões.
Alagoas, com 46 pedidos e 10 autorizações, faturou R$ 7,4 milhões. No Rio Grande do Sul, uma
única entidade, o Esporte Clube
São José, arrecadou R$ 3,3 milhões com bingos. Isso corresponde a 35% do total arrecadado pelas entidades esportivas do país.
O presidente do Indesp afirmou
que há indícios claros de "sonegação e crime fiscal" na operação
dos bingos. "Não é possível que só
esses valores tenham sido arrecadados", argumentou. O ministro
do Esporte e do Turismo, Rafael
Greca, afirmou que está abrindo
"a caixa-preta" dos bingos.
Do total arrecadado, R$ 9,5 milhões ficaram com as entidades
esportivas e R$ 28 milhões com as
empresas administradoras dos
bingos. Foram pagos R$ 92 milhões em prêmios e R$ 3,6 milhões em impostos.
O levantamento abrange 15 Estados. Os outros 12 Estados, que
receberam delegação do Indesp
para autorizar e fiscalizar os bingos, têm prazo até o dia 4 de janeiro para apresentar os dados sobre
o funcionamento das casas.
Greca afirmou que pediu esse
levantamento ao ex-presidente
do Indesp Manoel Tubino, em janeiro. "Estranho que um trabalho
que não foi feito em nove meses
agora tenha sido feito em 20 dias."
O ministro não apresentou o resultado da sindicância interna
que apura denúncias de irregularidades na autorização de bingos.
Viveiros afirmou que a sindicância teve prazo de mais 30 dias para
concluir os seus trabalhos.
A sindicância foi aberta a partir
de denúncias feitas por três servidores do Indesp.
O ex-diretor Financeiro e Administrativo Luiz Antônio Buffara, homem de confiança de Greca,
foi acusado de integrar um esquema que transformou o órgão em
"balcão de negócios" para "clientes especiais".
Os funcionários afirmaram, em
depoimento ao Ministério Público Federal, que haveria um atendimento prioritário a parlamentares no Indesp. Um dos funcionários também disse que haveria
um esquema para facilitar o funcionamento de máquinas eletrônicas de bingo no país.
No dia 22 deste mês, por sugestão do ministro do Esporte e do
Turismo, o presidente Fernando
Henrique Cardoso editou um decreto para proibir o funcionamento das máquinas programadas eletrônicas em todo o país.
Até o final do ano, o Indesp vai
transferir para a Caixa Econômica
Federal a fiscalização técnica e financeira dos bingos. Será adotado o sistema de cartelas com códigos de barra, que facilita o controle sobre a arrecadação.
Uma medida provisória editada
no dia 25 instituiu a taxa de autorização do bingo, que incidirá sobre a emissão de certidão de autorização para a exploração de bingo permanente ou eventual. Serão
cobradas taxas de R$ 6.000 por
mês dos bingos permanentes e R$
4.000 na realização de cada bingo
eventual. A estimativa de arrecadação é de R$ 50 milhões por ano.
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