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MISTÉRIO EM AL
Jornalista que sondou delegado diz ter atendido a um pedido do deputado
Augusto teria autorizado suborno
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
O jornalista Roberto Baía, funcionário da família Farias, afirma
que o deputado alagoano Augusto Farias (PPB) autorizou tentativa de suborno do delegado Antônio Carlos Lessa para que seu patrão não fosse indiciado como um
dos responsáveis pelas mortes do
irmão Paulo César Farias, o PC, e
da namorada dele, Suzana Marcolino.
A afirmação do jornalista está
em laudo do Departamento de
Fonética Forense do Instituto de
Criminalista da Secretaria de Segurança da Bahia, obtido pela
Agência Folha. Lessa gravou a
conversa com Baía no dia 23 de
agosto passado com a ajuda de
uma microcâmera.
Para o secretário de Segurança
Pública de Alagoas, Edmilson Miranda, "se tentam comprar um
delegado é porque não querem
que o trabalho continue. Isso indica que há fatos a serem revelados ainda".
A existência da fita foi revelada
pela Folha dois dias após sua gravação, durante almoço entre Lessa e Baía, que se diziam amigos,
no restaurante do Renato, frequentado pelo comando da Polícia Civil de Alagoas.
Na fita, Baía diz que Augusto o
abordou durante uma festa de
aniversário do jornal "Tribuna de
Alagoas", diário dos Farias. Baía é
chefe da sucursal do jornal em
Arapiraca. A festa foi realizada
dois dias antes da gravação.
Segundo Baía, Augusto o procurou e disse: "Baía, o Gabriel
(Mousinho) quer falar com você.
Me ajuda. O que tiver que fazer,
vamos fazer. Só sei que você é
muito amigo dele (Lessa)".
Baía insistia muito para que
Lessa aceitasse o acordo de "bom
relacionamento e amizade" com
os Farias, de acordo com o que
pode ser lido na transcrição.
O policial chega a perguntar de
quantos reais ele estava falando.
Baía afirma: "Você é quem diz".
A transcrição mostra ainda o
teor da conversa que Baía diz ter
tido com Gabriel Mousinho, primo de Augusto e editor-chefe da
"Tribuna".
"Vá lá e volte a conversar com
ele (Lessa) pelo amor de Deus. O
Augusto está preocupado com esse negócio (indiciamento). Veja aí
como é", teria dito Mousinho ao
interlocutor do delegado.
O laudo da fita será anexado aos
autos do inquérito sobre as mortes de PC e Suzana, ocorridas no
dia 23 de junho de 96.
Os delegados Lessa e Alcides
Andrade, que o auxilia, descartam a primeira versão para o crime, pela qual Suzana matou PC e,
em seguida, cometeu suicídio. Pareceres técnicos indicam que Suzana não atirou naquela noite.
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