São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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PERFIL
Ellen Northfleet, cotada para o Supremo Tribunal Federal, já foi preterida por FHC para o Superior Tribunal de Justiça
Juíza defende mulheres em lideranças

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A juíza Ellen Gracie Northfleet, 52, separada, defendeu em um artigo escrito recentemente que uma maior presença feminina em postos de liderança "só pode ser benéfica à humanidade, pois as mulheres trazem consigo características que têm faltado e são extremamente necessárias para a condução da economia e da política internacionais".
Northfleet é cotada para a vaga do ministro Octávio Gallotti no STF (Supremo Tribunal Federal), a ser indicada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ela fez parte da composição original do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, no qual ingressou, pelo chamado quinto constitucional, como membro do Ministério Público Federal, onde esteve de 1973 a 1989.
Quando presidiu o TRF, de 97 a 99, coordenou um programa de interiorização que elevou o número de varas de 71 para 116. O tribunal tem jurisdição sobre Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Conforme a assessoria do TRF, nenhuma cidade da região Sul está distante mais de 200 quilômetros de uma vara federal.

Preterida
O nome de Ellen Gracie Northfleet constou de duas listas elaboradas pelos ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em 1998, para compor essa Corte. O presidente FHC, a quem cabe a escolha, porém, a preteriu.
A juíza é professora de direito constitucional na Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), em São Leopoldo (RS), mas está licenciada do magistério. Foi bolsista da Fundação Fullbright, dos EUA, de 91 a 92, tendo se dedicado ao tema "administração da Justiça". Também integra o Conselho Consultivo da Glin (Global Legal Information Network) e coordena a estação brasileira dessa rede.
Nascida no Rio em 16 de fevereiro de 1948, cursou direito na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), em 70, e especialização em antropologia social na mesma universidade, em 82.
No artigo "Judiciário e Economia no Brasil", Northfleet escreveu que a Justiça do Trabalho "sabidamente, por aplicar um direito de viés protetor do litigante mais fraco, goza da quase universal antipatia do empresariado".
Ela defendeu uma maior participação das mulheres em cargos de liderança no artigo "A feminização da pobreza", no qual também afirmou que "a metade feminina da humanidade ainda não teve reconhecidos e garantidos seus direitos civis e seus direitos humanos básicos".
A juíza concluiu esse artigo dizendo que "as tarefas de cuidar dos membros da família e criar e manter para eles um ambiente saudável e seguro sempre foram preocupações das mulheres".
Em junho ela participou, em Washington, da conferência "A dimensão do gênero nos direitos humanos - uma perspectiva de desenvolvimento", promovida pelo Banco Mundial. Ela falou no painel sobre violação dos direitos humanos das mulheres e discriminações baseadas no gênero.


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