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PERFIL
Ellen Northfleet, cotada para o Supremo Tribunal Federal, já foi preterida por FHC para o Superior Tribunal de Justiça
Juíza defende mulheres em lideranças
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A juíza Ellen Gracie Northfleet,
52, separada, defendeu em um artigo escrito recentemente que
uma maior presença feminina em
postos de liderança "só pode ser
benéfica à humanidade, pois as
mulheres trazem consigo características que têm faltado e são extremamente necessárias para a
condução da economia e da política internacionais".
Northfleet é cotada para a vaga
do ministro Octávio Gallotti no
STF (Supremo Tribunal Federal),
a ser indicada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ela fez parte da composição original do TRF (Tribunal Regional
Federal) da 4ª Região, no qual ingressou, pelo chamado quinto
constitucional, como membro do
Ministério Público Federal, onde
esteve de 1973 a 1989.
Quando presidiu o TRF, de 97 a
99, coordenou um programa de
interiorização que elevou o número de varas de 71 para 116. O
tribunal tem jurisdição sobre Rio
Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Conforme a assessoria do
TRF, nenhuma cidade da região
Sul está distante mais de 200 quilômetros de uma vara federal.
Preterida
O nome de Ellen Gracie Northfleet constou de duas listas elaboradas pelos ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em
1998, para compor essa Corte. O
presidente FHC, a quem cabe a
escolha, porém, a preteriu.
A juíza é professora de direito
constitucional na Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), em São Leopoldo (RS), mas
está licenciada do magistério. Foi
bolsista da Fundação Fullbright,
dos EUA, de 91 a 92, tendo se dedicado ao tema "administração
da Justiça". Também integra o
Conselho Consultivo da Glin
(Global Legal Information Network) e coordena a estação brasileira dessa rede.
Nascida no Rio em 16 de fevereiro de 1948, cursou direito na
UFRGS (Universidade Federal do
Rio Grande do Sul), em 70, e especialização em antropologia social
na mesma universidade, em 82.
No artigo "Judiciário e Economia no Brasil", Northfleet escreveu que a Justiça do Trabalho "sabidamente, por aplicar um direito
de viés protetor do litigante mais
fraco, goza da quase universal antipatia do empresariado".
Ela defendeu uma maior participação das mulheres em cargos
de liderança no artigo "A feminização da pobreza", no qual também afirmou que "a metade feminina da humanidade ainda não
teve reconhecidos e garantidos
seus direitos civis e seus direitos
humanos básicos".
A juíza concluiu esse artigo dizendo que "as tarefas de cuidar
dos membros da família e criar e
manter para eles um ambiente
saudável e seguro sempre foram
preocupações das mulheres".
Em junho ela participou, em
Washington, da conferência "A
dimensão do gênero nos direitos
humanos - uma perspectiva de
desenvolvimento", promovida
pelo Banco Mundial. Ela falou no
painel sobre violação dos direitos
humanos das mulheres e discriminações baseadas no gênero.
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