São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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Assessor de Celso Pitta acompanha pepebista

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar das afirmações de que estão politicamente rompidos, o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) e o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, ex-afilhado político de Maluf, compartilharam ontem um mesmo assessor que os acompanhou, em horários diferentes, aos respectivos locais de votações.
Pela manhã, Augusto Machado Diniz Júnior estava com Maluf na Faculdade de Engenharia de São Paulo e o acompanhou durante toda a votação. À tarde, ele se encontrou com o prefeito Celso Pitta em um prédio da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas).
Lotado na Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), Diniz Júnior trabalha no gabinete de Celso Pitta.
Como contratado pela Cohab, o assessor ganha mais do que o prefeito de São Paulo. Enquanto o prefeito recebe cerca de R$ 6.000 brutos (salário mais verba de representação), Diniz Júnior recebe R$ 7.100 como assessor da presidência da companhia.
Diniz Júnior também é ligado a Jesse Ribeiro, que ocupa hoje o lugar deixado pelo malufista Calim Eid -morto em um acidente-, tendo se transformado em um dos principais articuladores da campanha do PPB à prefeitura.
Ribeiro foi mantido por Pitta na diretoria comercial da Cohab, mesmo depois do rompimento, e hoje é um dos encarregados pelas campanhas de rua do PPB.
No final da tarde de ontem, após a divulgação das primeiras pesquisas de boca-de-urna, Jesse Ribeiro e Diniz Júnior se reencontraram com Maluf.
Por volta das 18h, os dois foram à casa do pepebista, no Jardim Europa, para prestar solidariedade ao candidato derrotado.

Pitta
O prefeito Celso Pitta disse ontem que "de forma alguma" se sente responsável pela derrota de seu padrinho político, Paulo Maluf. "Ficou muito clara a posição de Maluf de independência em relação à minha pessoa", afirmou o prefeito sobre o pepebista.
Pitta, que disse ter votado em branco, chegou ao prédio da FMU às 13h acompanhado de secretários municipais.
Uma claque o aguardava e, quando ele desceu do carro, foi saudado com palmas e gritos de "Pitta, Pitta". No primeiro turno, o prefeito foi vaiado e xingado quando deixou a FMU.
Pitta criticou a disputa pela sucessão municipal, entre Marta Suplicy (PT) e Maluf, por ter se desenvolvido "em um baixo nível". Para ele, os candidatos não apresentaram propostas administrativas para a cidade. "O que se viu foram ataques e ofensas pessoais", afirmou.
O prefeito disse estar convencido de que o próximo administrador irá encontrar a Prefeitura de São Paulo "em melhores condições" do que quando ele assumiu, em janeiro de 1997. Pitta foi secretário de Finanças na segunda gestão de Paulo Maluf na Prefeitura de São Paulo (1993-1996).
O maior benefício que, segundo o prefeito, ele deixará para seu sucessor é a renegociação da dívida municipal. "Os meus sucessores nos próximos 30 anos terão uma tranquilidade administrativa que eu não tive", declarou.
"Espero que o futuro prefeito não decepcione e cumpra as promessas feitas em campanha", disse Pitta. Para ele, sua administração fez um "trabalho excepcional" diante dos "obstáculos" que enfrentou.
Ele aproveitou para criticar o governo do Estado, "que sempre se posicionou contra" sua administração, o governo federal, "que não liberou recursos", e o Ministério Público, "que sempre se preocupou em agredir".
Pitta voltou a afirmar que pretende disputar um cargo político em 2002 -provavelmente, uma cadeira na Câmara dos Deputados-e disse que já recebeu "inúmeros" convites de trabalho para quando deixar a prefeitura. No entanto, ele não revelou quem o convidou para trabalhar.


Colaborou CHICO DE GOIS, da Reportagem Local


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