São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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CURITIBA
Eleição foi a mais acirrada na história da cidade, embora fosse esperada uma vitória fácil do prefeito no 1º turno; resultado reforça as pretensões de Lerner de participar da chapa do PFL em 2002
Taniguchi derrota PT e consegue reeleição

THOMAS TRAUMANN
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O engenheiro eletrônico Cássio Taniguchi (PFL), 59, derrotou o PT e foi reeleito ontem prefeito de Curitiba na eleição mais acirrada na história da cidade. Ele teve 51,48% dos votos válidos contra 48,52% do deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT).
A vitória reforça as pretensões do governador Jaime Lerner (PFL) de participar da chapa de seu partido na sucessão presidencial em 2002.
Na sua primeira entrevista como prefeito reeleito, Taniguchi fez um discurso pacificador. "Não há vencedores nem vencidos. Essa foi uma eleição disputada e vou governar para a cidade inteira", afirmou. Taniguchi disse que a vitória por mais 26 mil votos de diferença criou "mais responsabilidade, mais compromissos com a população".
Taniguchi obteve 462.811 do total de votos apurados, contra 436.270 de Ângelo Vanhoni. Foram 16.605 mil votos nulos e 12.378 votos em branco.
O prefeito reeleito avaliou que "o grupo do governador Jaime Lerner sai fortalecido no Paraná para 2002". Por tradição, Lerner e seus aliados se referem a si mesmos como um "grupo" e não ao partido ou coligação.
Lerner disse que a vitória "não tem, necessariamente, uma relação com 2002. Mas foi uma vitória do nosso grupo sobre todas as lideranças da oposição, e olha que liderar na oposição é mais fácil". Ele se referia aos senadores Roberto Requião (PMDB) e Álvaro Dias (PSDB), que tiveram candidatos derrotados no primeiro turno de Curitiba e depois apoiaram Vanhoni.
Com a sua gestão aprovada por cerca de dois terços da população, segundo as pesquisas, Taniguchi teve uma eleição difícil devido aos ataques da oposição a Jaime Lerner. Governador reeleito e passando por uma queda de popularidade, Lerner jogou o seu futuro político na eleição curitibana.
Uma derrota em Curitiba -cidade da qual já foi prefeito três vezes- seria fatal para sua carreira. O governador planeja agora reformar o seu secretariado e iniciar o que seus assessores chamam de "recomeço de governo".
Ele acredita que ao derrotar o PT se fortalece para participar ativamente das articulações da sucessão presidencial. Espera que até 2002 apareçam os resultados da industrialização gerada pela atração de montadoras como a Renault, a Audi e a Chrysler - todas no seu governo.
"Foi uma vitória do avanço continuado do planejamento urbano, de uma cidade que é exemplo para todos os brasileiros. O recado das urnas é que a cidade quer continuar avançando", disse Lerner.
A vitória do PT em Londrina e em Maringá, segundo o staff lernista, não afeta os planos nacionais. Mantendo o domínio sobre Curitiba e neutralizando o PSDB e o PMDB, Lerner acha que pode fazer o seu sucessor. Os nomes mais fortes, atualmente, no PFL para o governo paranaense em 2002 são os ex-ministros Rafael Greca e Alceni Guerra.
Às 18h, quando Taniguchi já estava matematicamente reeleito, o PFL começou uma carreata nas principais ruas da cidade.

Não-vitória
Ângelo Vanhoni responsabilizou um suposto uso da máquina da prefeitura e do governo pela derrota. "Enfrentamos um esquema do PFL local, que abusou da máquina pública, e do PFL nacional, que jogou dinheiro achando que cair aqui seria cair no Brasil inteiro. Eles podem ter a ilusão de que o PFL não caiu, mas a bandeira de mudança continua em 2002", disse.
Vanhoni evitou a palavra "derrota". "Essa não-vitória mostra que os ventos de mudança fincaram uma estaca profunda no Paraná." Ele pediu aos seus militantes que fizessem festa pelo desempenho do PT nas eleições. Tradicionalmente o partido não recebia mais de 15% dos votos nas eleições municipais.
O coordenador-geral da campanha de Vanhoni, Jorge Samek, lançou o candidato derrotado como postulante ao governo do Paraná em 2002.
O senador Roberto Requião, aliado de Vanhoni no segundo turno, culpou a falta de ataques pela derrota do PT. "O Vanhoni foi pacifista demais e se exonerou das obrigações de fazer oposição", disse.


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