São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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Presidente eleito se encontra pela primeira vez com Fernando Henrique após eleição

Lula escolhe Palocci para liderar equipe de transição

Lula Marques/Folha Imagem
Gushiken, Palocci, Dirceu, Alencar e o presidente eleito, Lula, reúnem-se no Planalto com FHC, Maciel, Malan, Parente e Scalco


FÁBIO ZANINI
PLÍNIO FRAGA
ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, depois de reunião de duas horas no Palácio do Planalto com o presidente Fernando Henrique Cardoso e sua equipe, anunciou um único nome da sua equipe de transição, o coordenador Antônio Palocci Filho. O petista afirmou que fez uma opção mais técnica do que política em razão das especulações em torno de seu futuro ministério.
"Todo dia de manhã, quando eu levantava e abria o jornal, vocês [jornalistas] já tinham indicado um ministro. Então resolvemos separar a equipe de transição da discussão da montagem do governo", afirmou Lula. O ministério só deve ser anunciado na primeira quinzena de dezembro.
Em estratégia para conter as análises frequentes de que o presidente nacional do PT, José Dirceu, será o homem forte de seu governo, Lula atribuiu a si, pela primeira vez de forma tão clara e direta, a responsabilidade de escolha do novo ministério.
"A montagem de governo será conduzida por mim, mas ouvindo os partidos políticos e os setores da sociedade. Quando vocês quiserem saber de transição, procurem o Palocci. Quando quiserem saber de negociação com o Congresso, procurem os líderes João Paulo Cunha [deputado federal do PT-SP] e Tião Viana [senador do PT-AC]. Sobre ministros, eu procuro vocês", disse, se referindo aos jornalistas.
A decisão de formar uma equipe eminentemente técnica de transição foi tomada pela direção petista com o intuito de evitar que ela fosse confundida com o futuro ministério. Figuras proeminentes, como o senador eleito Aloizio Mercadante ou o deputado federal José Genoino, ficaram de fora.
A face "política" da transição ficará a cargo de Dirceu, que coordenará um conselho formado por partidos políticos que apóiam Lula. Enquanto Palocci cuidará do detalhamento técnico da transição, Dirceu ficará liberado para tratar da costura política que levará à formação do ministério.
Em seu primeiro pronunciamento como coordenador da equipe de transição, Palocci, 42, que é médico, deixou claro que o governo eleito não pretende dividir com a atual administração a responsabilidade pelo manejo da política econômica.
"Não estamos nos colocando como co-partícipes das questões do atual governo. É evidente que acompanharemos o processo de transição, mas, até 31 de dezembro, vamos ter absoluto respeito pelas decisões tomadas pelo atual governo", declarou Palocci, prefeito de Ribeirão Preto (SP), cujo prazo de licença se esgotou ontem. Palocci acredita que pode acumular as duas funções..
Foi o primeiro encontro entre Lula e FHC após a vitória do petista. Os dois conversaram privadamente por 55 minutos.
Após a conversa, iniciaram reunião de uma hora e cinco minutos com Dirceu, Palocci, o vice eleito José Alencar, Luiz Gushiken, Gilberto Carvalho, com o atual vice-presidente Marco Maciel e os ministros Pedro Malan (Fazenda), Pedro Parente (Casa Civil) e Euclides Scalco (Secretaria Geral).
Palocci, que coordenou o programa de governo de Lula, chefiará agora uma equipe de cerca de 50 técnicos, que serão os responsáveis por colher as informações de governo. Os nomes devem sair dentro de dois dias e devem incluir pessoas de outras filiações partidárias e técnicos não ligados a qualquer legenda.
Palocci disse que a equipe de Lula deve participar da revisão do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), mas novamente deixou para o atual governo a responsabilidade pela negociação.


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