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Esquerda radical critica eleições
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O PSTU, militantes dissidentes
do PT e sindicalistas sem partido
radicalizaram o discurso. Lançaram manifesto pela criação de um
novo partido de esquerda com
ataques às eleições e à "democracia liberal", visando a uma "transformação socialista no país".
O manifesto havia recebido, até
ontem, 2.600 assinaturas. Além
do presidente do PSTU, José Maria de Almeida, assinaram o documento o primeiro-vice-presidente da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições
de Ensino Superior), José Domingues de Godoi Filho, e o ex-presidente da Andes Roberto Leher.
Godoi foi um dos articuladores da
primeira greve do funcionalismo
contra o governo Lula, em julho.
Nenhum parlamentar ou ocupante de cargo de direção do PT
está entre os signatários.
O movimento pela criação da sigla será lançado em Belo Horizonte (MG), de 6 a 9 de novembro, no Fórum Social Brasileiro.
O manifesto questiona a legitimidade da democracia no país.
"A "democracia liberal", entendida como simples acesso ao voto e
a um processo eleitoral transformado em espetáculo pelo poder
econômico do marketing político,
é um obstáculo, não um caminho,
para o verdadeiro governo dos
trabalhadores", diz o documento.
Após esse diagnóstico, o grupo
propõe um rompimento com o
sistema democrático: "Só haverá
transformação social se rompermos com essa "democracia" do capital, para instituir uma ordem
verdadeiramente democrática, da
classe trabalhadora". Desqualifica
as eleições como opção para a
chegada ao poder, dizendo que
elas foram transformadas em "espetáculo pelo poder econômico
do marketing político".
"O novo partido que queremos
construir deve privilegiar a luta e a
ação direta dos trabalhadores e
não as eleições", diz o manifesto.
A estratégia do grupo de esquerda inclui negação de alianças
partidárias: "[O partido] deve se
vacinar contra os erros que permitiram a degeneração do PT, rejeitando alianças com a classe dominante para ter como estratégia
um governo dos trabalhadores,
sem latifundiários, grandes empresários e banqueiros".
O presidente do PSTU, que pediu "voto crítico" a Lula no segundo turno de 2002, diz que o trabalho fundamental da futura sigla
será "potencializar a organização
da luta das classes trabalhadoras".
Ele afirmou que a sigla poderá
"canalizar a insatisfação" popular, citando a recente rebelião na
Bolívia que derrubou o presidente
Gonzalo Sánchez de Lozada.
O manifesto diz que o "desafio
da esquerda socialista neste momento, portanto, é construir uma
nova direção política capaz de
preparar conscientemente esse
processo de mobilização e de conduzir essas lutas sociais com o objetivo de realizar uma transformação socialista em nosso país".
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