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São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2003

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Esquerda radical critica eleições

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSTU, militantes dissidentes do PT e sindicalistas sem partido radicalizaram o discurso. Lançaram manifesto pela criação de um novo partido de esquerda com ataques às eleições e à "democracia liberal", visando a uma "transformação socialista no país".
O manifesto havia recebido, até ontem, 2.600 assinaturas. Além do presidente do PSTU, José Maria de Almeida, assinaram o documento o primeiro-vice-presidente da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), José Domingues de Godoi Filho, e o ex-presidente da Andes Roberto Leher. Godoi foi um dos articuladores da primeira greve do funcionalismo contra o governo Lula, em julho.
Nenhum parlamentar ou ocupante de cargo de direção do PT está entre os signatários.
O movimento pela criação da sigla será lançado em Belo Horizonte (MG), de 6 a 9 de novembro, no Fórum Social Brasileiro.
O manifesto questiona a legitimidade da democracia no país. "A "democracia liberal", entendida como simples acesso ao voto e a um processo eleitoral transformado em espetáculo pelo poder econômico do marketing político, é um obstáculo, não um caminho, para o verdadeiro governo dos trabalhadores", diz o documento.
Após esse diagnóstico, o grupo propõe um rompimento com o sistema democrático: "Só haverá transformação social se rompermos com essa "democracia" do capital, para instituir uma ordem verdadeiramente democrática, da classe trabalhadora". Desqualifica as eleições como opção para a chegada ao poder, dizendo que elas foram transformadas em "espetáculo pelo poder econômico do marketing político".
"O novo partido que queremos construir deve privilegiar a luta e a ação direta dos trabalhadores e não as eleições", diz o manifesto.
A estratégia do grupo de esquerda inclui negação de alianças partidárias: "[O partido] deve se vacinar contra os erros que permitiram a degeneração do PT, rejeitando alianças com a classe dominante para ter como estratégia um governo dos trabalhadores, sem latifundiários, grandes empresários e banqueiros".
O presidente do PSTU, que pediu "voto crítico" a Lula no segundo turno de 2002, diz que o trabalho fundamental da futura sigla será "potencializar a organização da luta das classes trabalhadoras".
Ele afirmou que a sigla poderá "canalizar a insatisfação" popular, citando a recente rebelião na Bolívia que derrubou o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada.
O manifesto diz que o "desafio da esquerda socialista neste momento, portanto, é construir uma nova direção política capaz de preparar conscientemente esse processo de mobilização e de conduzir essas lutas sociais com o objetivo de realizar uma transformação socialista em nosso país".


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