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São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2003

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MINISTRA NO FOGO

Decisão do Ministério Público Federal pode levar petista a perder cargo no governo e direitos políticos

Benedita deve ser alvo de ação de improbidade

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os procuradores do Ministério Público Federal devem propor uma ação de improbidade administrativa contra a ministra Benedita da Silva (Promoção Social), acusada de ter viajado à Argentina, em setembro, para participar de um encontro religioso com despesas pagas pelo erário.
A decisão só será tomada no início da próxima semana, mas a Folha apurou que a tendência hoje seria pela ação de improbidade.
Diante da polêmica, a ministra resolveu pagar, com cheque próprio, as passagens áreas dela e de uma assessora. A hospedagem foi paga pelos organizadores do encontro religioso.
A ministra nega que tenha feito a viagem apenas para esse encontro. Diz que viajou para cumprir uma agenda oficial.
Há um mês, os procuradores Eduardo Pelella, Ronaldo Queiroz, Brasilino dos Santos e Eliana Rocha investigam duas outras incursões internacionais de Benedita: uma para Lisboa, entre 30 de maio e 1º de junho, e uma para Washington e Nova York, de 11 a 16 de setembro.
No caso da viagem a Lisboa, chamou a atenção do MPF o fato de a ministra ter viajado para as comemorações do "Dia da África", "sem ônus" para o erário, mas levando consigo, "com ônus", uma assessora, conforme revelou a Folha.
Informações recebidas pelos procuradores revelam que o evento foi organizado pelo Projeto Misericórdia do Socorro, sob a coordenação do pastor brasileiro Djalma Paiva de Santana, da igreja Assembléia de Deus da Bahia.
Para Washington, Benedita embarcou quatro dias antes da data agendada para um evento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), com diárias pagas pelo governo. Atendeu ao convite de uma ONG norte-americana.
Em ambas as viagens, a ministra teria cumprido também uma agenda de interesse do governo.
Se for processada -o que depende, além de o Ministério Público Federal fechar questão sobre a propositura da ação, de a Justiça acolhê-la- Benedita pode perder o cargo e os direitos políticos.
O fiel da balança será decidir, para embasar a ação, se a ministra viajou com objetivos predominantemente particulares e agendou compromissos de governo para justificá-los ou se estes últimos são suficientes para justificar os gastos bancados pelos cofres públicos.
Paralelamente, o Ministério Público Federal deve instaurar um procedimento administrativo para avaliar as viagens do ministro Agnelo Queiroz (Esporte) à República Dominicana.
(ANDRÉA MICHAEL)


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