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MINISTRA NO FOGO
Decisão do Ministério Público Federal pode levar petista a perder cargo no governo e direitos políticos
Benedita deve ser alvo de ação de improbidade
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os procuradores do Ministério
Público Federal devem propor
uma ação de improbidade administrativa contra a ministra Benedita da Silva (Promoção Social),
acusada de ter viajado à Argentina, em setembro, para participar
de um encontro religioso com
despesas pagas pelo erário.
A decisão só será tomada no início da próxima semana, mas a Folha apurou que a tendência hoje
seria pela ação de improbidade.
Diante da polêmica, a ministra
resolveu pagar, com cheque próprio, as passagens áreas dela e de
uma assessora. A hospedagem foi
paga pelos organizadores do encontro religioso.
A ministra nega que tenha feito
a viagem apenas para esse encontro. Diz que viajou para cumprir
uma agenda oficial.
Há um mês, os procuradores
Eduardo Pelella, Ronaldo Queiroz, Brasilino dos Santos e Eliana
Rocha investigam duas outras incursões internacionais de Benedita: uma para Lisboa, entre 30 de
maio e 1º de junho, e uma para
Washington e Nova York, de 11 a
16 de setembro.
No caso da viagem a Lisboa,
chamou a atenção do MPF o fato
de a ministra ter viajado para as
comemorações do "Dia da África", "sem ônus" para o erário,
mas levando consigo, "com
ônus", uma assessora, conforme
revelou a Folha.
Informações recebidas pelos
procuradores revelam que o
evento foi organizado pelo Projeto Misericórdia do Socorro, sob a
coordenação do pastor brasileiro
Djalma Paiva de Santana, da igreja Assembléia de Deus da Bahia.
Para Washington, Benedita embarcou quatro dias antes da data
agendada para um evento do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento), com diárias pagas
pelo governo. Atendeu ao convite
de uma ONG norte-americana.
Em ambas as viagens, a ministra
teria cumprido também uma
agenda de interesse do governo.
Se for processada -o que depende, além de o Ministério Público Federal fechar questão sobre
a propositura da ação, de a Justiça
acolhê-la- Benedita pode perder
o cargo e os direitos políticos.
O fiel da balança será decidir,
para embasar a ação, se a ministra
viajou com objetivos predominantemente particulares e agendou compromissos de governo
para justificá-los ou se estes últimos são suficientes para justificar
os gastos bancados pelos cofres
públicos.
Paralelamente, o Ministério Público Federal deve instaurar um
procedimento administrativo para avaliar as viagens do ministro
Agnelo Queiroz (Esporte) à República Dominicana.
(ANDRÉA MICHAEL)
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