DA REPORTAGEM LOCAL

Lideranças do PSDB criticaram ontem, durante uma caminhada pelo centro de São Paulo, a condução da campanha do PT e o que consideram um desvirtuamento político e ideológico do partido.
"O PT perdeu todas as características conceituais e se tornou um partido de circunstâncias. O [José] Genoino [presidente nacional do PT] diz qualquer coisa, qualquer liderança justifica qualquer coisa, desde que isso sirva ao propósito de manter a prefeitura", afirmou o vereador eleito José Aníbal, ex-presidente do PSDB.
Para os tucanos, o PT mudou sua forma de fazer campanha por não compreender que "na democracia, há alternância de poder".
"No coração deles [petistas], existe esse viés de achar que só eles são os bons, de achar que só eles são o sal da terra", afirmou José Gregori, um dos coordenadores financeiros da campanha.
O deputado federal Walter Feldman também atacou a atitude "agressiva" do PT. "Acreditamos na alternância de poder, o PT não e trabalha contra isso. Desde o início, apanhamos muito." Para o deputado, "Marta [Suplicy] é hoje uma figura estranha dentro do próprio PT. Ela exagera na sua formulação e na sua prática".

Profissionalização
Os tucanos criticaram ainda o que chamaram de profissionalização da militância. "É uma campanha mais empresarial do que de militância", disse Feldman.
"A ideologia nessa campanha foi muito tênue, muito fraca", afirmou Aníbal. Segundo ele, "o grave é que o PT perdeu conceitos, não tem mais fronteira. O PT hoje é o partido do vale tudo".
A última caminhada de campanha oficial ocorreu sem a presença do candidato José Serra, que tirou o dia para preparar-se para o debate da noite na TV Globo.
O corpo-a-corpo tucano contou com a presença do candidato a vice de Serra, deputado Gilberto Kassab (PFL). Cerca de 250 militantes, com bandeiras e faixas, acompanharam a caminhada, que terminou na praça da Sé.
(RICARDO BRANDT)


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