São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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Antigo censor vira delegado ou perito

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Editada em pleno regime militar (1964-1985), a Emenda Constitucional nš 1, de 1969, incluiu a censura de diversões públicas entre as atribuições da Polícia Federal. Criou-se, então, a carreira dos censores, que ingressavam no Departamento de Polícia Federal mediante concurso público específico -o último deles foi realizado em 1985.
Dos cerca de 180 censores que já atuaram no Brasil, 22 continuam na ativa. Hoje eles ocupam cargos de delegado e perito federal, o equivalente ao cargo que tinham no regime militar.
Isso foi devido a uma lei de 1998 que transformou os antigos censores, que são profissionais de nível superior, em delegados (se tivessem formação em direito) ou peritos (se tivessem formação em outra área).
A censura foi extinta pela Constituição em 1988. Com isso, o que seria exibido começa a passar por um crivo de classificação. O conteúdo era indicado para programas de TV por horário, e para o cinema por idade.
A constitucionalidade da transformação das carreiras do regime militar para hoje, no entanto, está em discussão no STF (Supremo Tribunal Federal).
O ministro relator do processo, Marco Aurélio de Mello, entende que, conforme a Constituição Federal, os censores deveriam ter sido aproveitados como classificadores de conteúdo e lotados no Ministério da Justiça.
Para as partes interessadas, no entanto, está tudo bem assim: antigos censores como policiais na Polícia Federal e classificadores como carreira não regulamentada no Ministério da Justiça. O ranço do passado continua.


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